Audiência do Plano Diretor no Aricanduva tem pouca participação

 

Cerca de 60 pessoas compareceram ao evento para debater o projeto de revisão com os vereadores e mostram preocupação com meio ambiente

A audiência pública sobre o projeto de revisão do Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo realizada nesta segunda-feira (10/8), na região da Subprefeitura do Aricanduva, foi a que reuniu o menor público até o momento. Cerca de 60 pessoas compareceram ao debate com os vereadores e cinco fizeram uso da palavra.

A pouca participação da sociedade civil chamou a atenção e foi motivo de vários pronunciamentos. Carlos Apolinário (DEM), presidente da Comissão de Política Urbana – órgão da Câmara Municipal que está promovendo as audiências em todas as 31 subprefeituras –, destacou a importância da presença da população na discussão do plano.

“São Paulo é um grande condomínio”, comparou o parlamentar, visando reforçar seu argumento. “Os moradores [do condomínio] não participam da reunião e depois reclamam do resultado, mas aí não tem mais jeito, pois a convenção já foi aprovada.”

Roberto Tamura, subprefeito da região que, além do distrito de Aricanduva, inclui Vila Formosa e Carrão, relatou ter havido uma boa divulgação da audiência. “Até a nossa Associação Comercial encaminhou convites do evento.”

Ele garantiu que a população local é “muito participativa”, citando como exemplo a eleição do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz. “Tivemos aqui o maior número de eleitores de toda a cidade”. Ao referir-se à baixa adesão ao debate sobre o Plano Diretor, no entanto, o subprefeito preferiu ressaltar outro aspecto da participação. “A presença não é quantidade é qualidade.”

Para Flávio Roquetti, integrante do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) da Vila Formosa, a divulgação deveria ter sido feita com mais antecedência. “Se recebêssemos esse comunicado há mais tempo, este salão teria o triplo de pessoas.”

Questionamentos e contribuições dos participantes

Os cidadãos que utilizaram o microfone durante o debate fizeram vários questionamentos e propostas. Um deles foi José Ramos de Carvalho, integrante da Associação Nacional dos Gestores Ambientais (ANAGEA), que apontou os principais locais de emissão de monóxido de carbono que o vento traria para a região. “Um dos pontos é o Aeroporto de Cumbica, onde temos 500 vôos diários, e o outro é a Fernão Dias e a Dutra, que no horário de pico concentram mais de 60 mil veículos.”

Segundo o ambientalista, o pólo logístico de transporte, que será construído na Fernão Dias e terá capacidade para 6 mil caminhões, complicará ainda mais a situação. “O que será de nós”, questiona. Carvalho informou que a região faz parte de um vale que, dependendo da direção do vento, recebe toda essa carga de poluentes. “Já somos um aterro, não de entulho, mas de monóxido de carbono.”

Eduardo Uyeta, morador da região e assessor do vereador Celso Jatene, abordou a falta de drenagem da área em torno do Córrego do Aricanduva e sugeriu que “o Plano Diretor fosse amarrado aos planos regionais de drenagem.” 

O vice-presidente do Lions Club da Vila Formosa, Osivaldo Rosa, relembrou a luta da população para resolver os problemas do sistema viário local e questionou o parque que será construído no Cemitério da Vila Formosa. “Vai ser um parque mesmo ou uma área verde?”

Ao final da audiência, o vereador José Police Neto (PSDB), respondeu algumas dúvidas e fez considerações sobre o que foi apresentado pelos participantes. Ele explicou que o plano prevê um parque municipal, de 96 mil metros quadrados, na região da Vila Formosa e que a revisão tem competência para estabelecer uma relação entre o sistema viário do Aricanduva e o da Avenida Jacu-Pêssego.

Police Neto, que é relator do projeto, concordou que a questão da drenagem precisa ser analisada com muito cuidado.  “Vamos nos aplicar para verificar de que forma isso pode ser incorporado.” Sobre a poluição do ar, o parlamentar avalia que a intervenção urbana na Fernão Dias precisa ser “algo que respeite o meio ambiente.”

Além de Police Neto e Carlos Apolinário, participaram da audiência pública ocorrida no Clube Atlético Carrão os vereadores Claudio Fonseca (PPS), Claudio Prado (PDT), Gilson Barreto (PSDB), Juliana Cardoso (PT), Sandra Tadeu (DEM), Toninho Paiva (PR) e Zelão (PT).  

REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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