Bairros escolhidos na primeira fase terão 45 km de pista exclusiva para bicicletas; zona oeste e centro receberão ciclofaixas de lazer
O custo total das obras será de R$ 21,7 milhões; áreas registram o maior número de viagens de bicicleta na cidade, segundo o governo
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três regiões da periferia de São Paulo, no extremo das zonas leste, norte e sul, foram escolhidas para estrear a implantação de novas ciclovias, promessa do plano de metas de Gilberto Kassab (DEM). O centro expandido ficou de fora, pelo menos nessa etapa.
A construção dos primeiros 45 km de novas pistas para bicicletas -com a alegada finalidade de aumentar esse tipo de deslocamento no dia-a-dia do paulistano, e não só para lazer- deverá começar em até dois meses para ser entregue no segundo semestre de 2010.
Os bairros escolhidos foram Jardim Helena (leste), Jardim Brasil (norte) e Grajaú/Cocaia (sul), sob a justificativa de que eles já têm hoje a maior quantidade de viagens por bicicletas.
Áreas do centro expandido, que concentram vias mais congestionadas, não vão receber novas ciclovias nessa fase. Mas essa área nobre ganhará uma faixa de lazer para as bicicletas nas manhãs de domingo, a partir do dia 30 deste mês, num percurso de 5 km entre os parques do Povo e do Ibirapuera.
A Folha teve acesso à primeira fase do plano de ciclovias de Kassab, que é confirmado pelo secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes.
O projeto estima um custo de R$ 21,7 milhões para a implantação dos 45 km de pistas para as bicicletas, sendo 20 km de ciclovias (quando há separação física) e 25 km de ciclofaixas (quando a pista será criada numa faixa da via já existente, mas com sinalização especial).
Em alguns casos, elas serão implantadas no canteiro central. Em outros, na faixa da direita, com a retirada do espaço de estacionamento nas vias.
Entre as avenidas que vão receber as pistas para bicicletas nessa etapa estão: 1) Pires do Rio e Marechal Tito (zona leste); 2) Dr. Antonio Maria de Laet, próximo ao metrô Tucuruvi (zona norte); e 3) Teotônio Vilela e Belmira Marin, perto das estações da CPTM de Interlagos e do Grajaú (zona sul).
Hoje a capital tem menos de 20 km de ciclovias fora de parques -parte em situação precária. O plano de metas de Kassab prevê a criação de 100 km de vias para bicicletas até 2012.
"Na periferia, faltam opções de transporte e de lazer. Essas pessoas são as primeiras a precisar da bicicleta, que é econômica e ágil. Mas as ciclovias também são possíveis e necessárias no centro. A topografia da cidade não é mais um problema, diante de bicicletas com tantas marchas", avalia Marcos Mazzaron, dirigente da Federação Paulista de Ciclismo.
Os estudos compilados pela CET mostram que há 160 mil viagens de bicicletas por dia na capital -número que deverá subir para mais de 300 mil.
Trânsito
A Folha apurou houve resistência de técnicos da CET em aceitar a proposta de ciclovias por temerem pela segurança viária. As bicicletas respondem por 0,6% dos deslocamentos em São Paulo -mas, em 2008, os ciclistas somaram 6% das mortes no trânsito (85 casos).
Os defensores da construção de mais pistas exclusivas avaliam que um dos motivos dessa quantidade de vítimas é a falta de infraestrutura para bicicletas -e que a implantação de ciclovias irá atenuar os riscos.
Mas há quem tema um incentivo a esses deslocamentos inclusive em vias onde não há separação do tráfego. A mesma ressalva foi feita por conta da implantação de bicicletários e do empréstimo de bicicletas pelo Metrô e pela CPTM (que existe hoje em 29 estações).
Leia também: "Faixa para bicicletas vai ligar parque do Povo ao Ibirapuera" – Jornal Folha de São Paulo
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