Seminário aponta saídas para problema da mobilidade urbana


Priorizar o transporte coletivo e enfrentar a “cultura do automóvel” estão entre os 19 princípios para uma política sustentável apresentados no debate

No seminário “Democratização da Cidade e a Mobilidade Urbana”, realizado nesta segunda-feira (17/ 8), na Câmara Municipal, foram debatidas as razões que levaram São Paulo a acumular problemas na área de transporte e, principalmente, idéias e sugestões para sair da situação em que se encontra.

Um dos palestrantes, o superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Marcos Pimentel Bicalho, apresentou 19 princípios a serem seguidos para uma política sustentável de mobilidade urbana nas grandes cidades. Entre os itens mencionados estão: priorizar o transporte coletivo no uso do espaço público, tratar de modo adequado os pontos de parada dos ônibus, construir um espaço cicloviário e enfrentar a “cultura do automóvel”.

Veja os 19 princípios sugeridos pelo palestrante

Para Bicalho, que foi secretário municipal de Transportes da cidade de Campinas, de 2001 a 2004, a baixa qualidade do transporte público, o alto preço da passagem do ônibus e do metrô (em comparação ao da gasolina) e os incentivos e facilidades para quem deseja comprar automóveis e motos levam a uma situação desastrosa. “O modelo em vigor faz com que seja mais barato a pessoa optar por uma coisa [adquirir e usar automóvel ou moto] que é ruim para a sociedade.”

Ele avalia que não cabem mais carros nas grandes metrópoles, como São Paulo. “A decisão que vamos ter que tomar daqui a pouco é se tiramos os carros ou as pessoas da cidade”, afirmou o especialista, que é favorável ao pedágio urbano.

Já o professor Flávio Vilaça, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, analisou a relação existente entre o poder econômico, o poder político e a decisão sobre os investimentos em transportes na capital paulista. “A região do quadrante sudoeste [que abrange os bairros mais ricos da cidade] é a mais privilegiada pelas obras públicas.”

Segundo ele, a região mais rica de São Paulo, onde estão os detentores do poder econômico e político, é a melhor servida pelos meios de transportes. “O ramal da [Avenida] Paulista, do Metrô está toda no quadrante sudoeste e a linha Vila Sônia, a próxima a ser inaugurada, também atravessa a região”, exemplificou.

O professor propõe que a desigualdade na distribuição do poder econômico e político, responsável pelo privilégio de algumas áreas nobres da cidade em detrimento da periferia, seja combatida com maior participação e pressão política da população.

O seminário foi promovido pelos vereadores Jamil Murad e Netinho de Paula, ambos do PCdoB, e contou também com a participação de Pedro Bicalho, deputado estadual (PCdoB), Ailton Brasiliense, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Rosana Miranda, professora da FAU – USP, Wagner Fajardo, presidente da Federação Nacional dos Metroviários, e Alcides Amazonas, ex-vereador de São Paulo e diretor da Agência Nacional de Petróleo.

REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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