Vereadores aprovam relatório que recomenda concessão do Pacaembu à iniciativa privada

Na mesma sessão, oposição e situação discutem quem é culpado pelo caos vivenciado pela cidade em função das enchentes 

Dois temas dominaram a sessão da Câmara Municipal nesta quarta-feira (9/9): o relatório aprovado pela comissão que debateu o futuro do Estádio do Pacaembu e os graves problemas causados pelas enchentes em São Paulo no dia anterior (8/9).

O primeiro debate começou quando o vereador Antonio Goulart (PMDB) anunciou que seu relatório sobre o futuro do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, havia sido aprovado pela comissão constituída pela Casa para estudar o assunto, por sete votos a um. Conhecido na Câmara por sua paixão declarada pelo Corinthians – é dele o projeto de lei que concede o título de cidadão paulistano ao jogador Ronaldo, centroavante da equipe –, o parlamentar informou que a decisão da maioria foi recomendar ao Executivo a concessão do equipamento público à iniciativa privada.

Como o Corinthians é o único clube que mostrou interesse em ficar com o estádio, a concessão, se ocorrer, já tem endereço certo. O diretor de marketing do time paulista, Luis Paulo Rosemberg, esteve presente na reunião da comissão e, logo após a votação, confirmou que o clube já tem um projeto para a revitalização do local, com valor de investimento em torno de R$ 100 milhões.

De acordo Goulart, a medida será positiva para a cidade. “Ela traz benefícios, como, por exemplo, uma economia de recursos do município que podem ser utilizados em ações de incentivo ao esporte amador da cidade”, defende.

Único voto contrário ao relatório, o vereador Marco Aurélio Cunha (DEM) explicou o que ocorreu. “Não era uma comissão paritária, pois todos os outros integrantes da comissão são corinthianos.” Ele, que é dirigente do São Paulo Futebol Clube, defendeu a manutenção do Pacaembu como um equipamento público e questionou o voto de Jamil Murad (PCdoB), a favor do parecer. “Pela primeira vez vi um integrante do Partido Comunista participar de uma privatização.”

“Se ninguém quiser utilizar o Pacaembu, ele não terá mais finalidade”, defendeu-se o corinthiano Jamil Murad. Em aparte, Toninho Paiva (PR), também discordou da opinião de Cunha. “O Corinthians foi feito para o Pacaembu e o Pacaembu para o Corinthians”, declarou.  

João Antonio, que também integra a comissão, mas não havia votado, declarou sua posição. “Apesar de ser corinthiano também, acho que tem que haver uma contrapartida relevante para o município. Se isso não ocorrer, sou contrário a concessão do estádio ao Corinthians e a qualquer outra agremiação.”

Além de Goulart, Jamil Murad e Toninho Paiva, também votaram a favor do relatório Dalton Silvano (PSDB), presidente da comissão, Adilson Amadeu (PTB), Jooji Hato (PMDB) e Juscelino Gadelha (PSDB).

Para que a recomendação, encaminhada ao Executivo, se torne realidade, o prefeito terá que encaminhar um projeto de lei à Câmara, sobre a concessão do Pacaembu, para ser debatido e votado pelos vereadores.

Quanto aos problemas causados pelas enchentes em São Paulo, parlamentares da oposição e da situação se revezaram ao microfone para criticar ou defender a gestão do prefeito, Gilberto Kassab (DEM). “Não existe uma política de prevenção para as enchentes em São Paulo”, denunciou Francisco Chagas (PT). De acordo com o vereador, um dos problemas que agravam a situação da cidade quando chove é a impermeabilização do solo. “Este equivoco está tendo continuidade com a obra [de ampliação] da Marginal.”

As declarações do petista irritaram Wadih Mutran (PP). “Não sei o que o PT quer com a questão da Marginal”, rebateu o integrante a base do prefeito. “Quem está fazendo a nova Marginal é o Serra e o Kassab, porque o PT não teve competência para fazer”, bradou.

João Antonio, líder do PT, mencionou as mortes ocorridas em virtude do deslizamento de terras, argumentando que a prefeitura não tem projeto para as áreas de riscos da cidade. “Fora o cheque despejo, que é a única política habitacional da atual administração, não existe nenhuma proposta para quem mora nestas regiões.”

A resposta a João Antonio veio do líder do governo na Casa, José Police Neto (PSDB). “A oposição não deveria comemorar as mortes”, ironizou. “Não estamos comemorando, estamos constatando”, aparteou João Antonio.

Police Neto disse ainda que “não cabe ficar jogando a culpa (pelas enchentes) nas costas de um ou de outro”. Porém, logo em seguida afirmou: “A cidade se adensou a partir do Plano Diretor Estratégico aprovado em 2002 [na gestão da prefeita Marta Suplicy].”

Vereadores aprovam seis projetos

Na sessão extraordinária, que ocorreu após os debates, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou seis projetos, todos por votação simbólica. Entre as propostas de lei que seguem agora para ser sancionadas ou vetadas pelo prefeito está a que institui os conselhos regionais de gestão participativa (PL 18/2009), do vereador Claudio Fonseca.

Veja relação dos projetos aprovados pela Câmara no dia 9 de setembro

REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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