Diretor aposta em novo modelo de gestão para reverter a situação
Marici Capitelli
O diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Marco Antonio Pereira Novaes de Paula Santos, reconhece os problemas no atendimento nas delegacias e afirma que as situações vividas pela reportagem "infelizmente são corriqueiras". Santos considera como "muito pouco" o fato de que em apenas 22 delegacias seria possível registrar o boletim no prazo de até uma hora. No entanto, ele aposta que a situação deve melhorar com o novo modelo de gestão, que será implantado em 15 dias.
Trinta distritos passarão a funcionar como pronto-atendimento a partir das 20 horas nos dias úteis e durante os fins de semana e feriados. Segundo o projeto, as unidades vão absorver a demanda dos casos urgentes das delegacias próximas. Essas, por sua vez, terão dois funcionários para orientar o uso das máquinas de autoatendimento. No dia seguinte, esse registro se tornará um boletim de ocorrência sem a necessidade de voltar ao distrito policial.
Na opinião do diretor, o problema dos atendentes não seria falta de preparo – eles contam com o suporte do Grupo de Apoio ao Plantão(GAP) – mas stress e o fato de o sistema estar saturado. "Os funcionários não acreditam mais no resultado do que fazem e os boletins são registrados de maneira mecânica", diz.
Com relação às constantes quedas da rede de computadores, usadas como desculpa para o não registro das ocorrências, o diretor do Decap afirma que os problemas estão sendo sanados. "Mas, provavelmente, muitos se valeram dessa desculpa."
Parte dos atendentes que se recusaram a registrar a ocorrência disse que era necessário esperar um laudo para comprovar o envenenamento. Além disso, muitos pediram um nome do suspeito. O diretor do Decap nega que isso seja preciso. Outra estratégia dos atendentes para se livrar dos usuários é dizer que a ocorrência deve ser feita na delegacia da região onde se deu o crime. "As pessoas têm direito de ser atendidas em qualquer distrito."