Concessão do Pacaembu depende agora de projeto de lei do Executivo

 

Secretário apresenta proposta de reforma do estádio a vereadores; Corinthians quer iniciar obras no ano do centenário, mas moradores são contra concessão

O secretário municipal de Esportes, Lazer e Recreação, Walter Feldman, esteve na Câmara Municipal, nesta terça-feira (29/9), para receber oficialmente o relatório elaborado por uma comissão de vereadores, que recomenda a concessão do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, à iniciativa privada. No evento, o representante do Executivo informou que a decisão agora depende do prefeito Gilberto Kassab, que, se for favorável à recomendação dos parlamentares, irá encaminhar um projeto de lei à Casa.

Na cerimônia, o secretário apresentou um vídeo com imagens da proposta de modernização do estádio elaborada pela empresa Odebrecht. De acordo com o projeto, depois de pronto, o equipamento terá capacidade para 45 mil pessoas, novas áreas comerciais e de serviços e estacionamentos subterrâneos para 4.800 automóveis.

Feldman, que é favorável à concessão do Pacaembu, argumentou que a reforma do estádio “é um instrumento poderoso para modernizar o bairro, mantendo suas características”. Ele, entretanto, ressaltou que estava falando apenas em nome da secretaria de Esportes. “Não tenho a posição do prefeito, que me pediu para recolher o relatório com a recomendação dos vereadores”, declarou.

Dos nove parlamentares integrantes da comissão que aprovou o relatório, oito são torcedores do Corinthians. Marco Aurélio Cunha (DEM), o único que votou contra o parecer, voltou a defender que o equipamento público continue a ser administrado pela prefeitura. “Não consegui entender porque o relatório foi aprovado, pois todas as pessoas ouvidas pela comissão, com exceção de duas, foram contra a concessão”, opinou.

O parlamentar garante que sua posição não está relacionada com o fato de ser dirigente do São Paulo Futebol Clube. “Aqui eu sou vereador e defendo a mesma idéia da maioria dos moradores do Pacaembu e das Perdizes, que querem que o Pacaembu como ele é, público.”

Jamil Murad (PCdoB), que também faz parte da comissão, negou que o relatório tenha por objetivo favorecer o time pelo qual torce. “Não é dirigido ao Corinthians, como às vezes se fala por aí.” E defendeu o seu voto favorável à concessão. “Se não houver uso do Pacaembu, ele vai desaparecer.”

Ao final do evento, o diretor de Marketing do Corinthians, Luís Paulo Rosemberg, afirmou que sua expectativa é que o prefeito encaminhe o projeto de lei à Câmara até o final deste ano. O dirigente também falou qual seria o prazo ideal para começar a reforma do Pacaembu. “Gostaria de ter as obras iniciadas até o dia 1º de setembro de 2010, aniversário do centenário [do clube].”

Associação Viva Pacaembu quer que estádio continue público

O presidente do Conselho Deliberativo da Associação Viva Pacaembu (entidade que reúne os moradores do bairro onde se localiza o estádio), Pedro Ernesto Francisco Py, afirma que maioria das pessoas é contrária à concessão. “A posição dos moradores, embasada em pesquisas, é que o Pacaembu deve permanecer com a prefeitura.”

As pesquisas, segundo ele, teriam sido feitas pelo site do vereador Goulart (PMDB), pelo Jornal da Tarde e pela própria Associação. “As três indicam que 75% das pessoas querem que o estádio continue sendo um equipamento público”, relata.

Francisco Py garante que o Pacaembu não é deficitário, como alegam as pessoas favoráveis à concessão. “O estádio recebeu até agosto deste ano R$ 8 milhões de renda das partidas e de outros eventos realizados na arena esportiva, enquanto as despesas de todo o ano passado foram de apenas R$ 5,4 milhões.”

Ele também estranha o fato de o relatório dos vereadores recomendar a concessão. “Nas quatro audiências, a sociedade se mostrou contrária.”

REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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