“Estado entrega corredores pela metade” – O Estado de S.Paulo


Conclusão de obras que ligariam Guarulhos, Itapevi e Diadema à capital esbarra na Justiça e em desapropriações


Renato Machado

Apesar de liberar R$ 20 bilhões para o plano de expansão na área de transportes, a gestão José Serra (PSDB) deve chegar ao fim sem entregar por completo nenhum dos três corredores de ônibus previstos para a Região Metropolitana de São Paulo. Dificuldades nas desapropriações e licitações barradas na Justiça são as principais causas dos atrasos nos projetos dos corredores Guarulhos-Tucuruvi, Diadema-Brooklin e Itapevi-São Paulo. Para amenizar o impacto, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos decidiu dividir os projetos e por isso os corredores vão mesclar trechos inaugurados com outros de trânsito compartilhado.

O governo vai priorizar a inauguração de 33,5 km de corredores metropolitanos, pouco mais da metade dos 65,5 km previstos nos três projetos. Mas mesmo a meta atualizada pode não ser alcançada, pois o único projeto que ainda tinha chances de ser completamente entregue até o fim do próximo ano, o Diadema-Brooklin, teve a licitação interrompida na Justiça em julho. Dois consórcios de empresas desclassificados do processo entraram com ações e obtiveram liminares bloqueando o edital (veja ao lado).

"Nós vamos entregar a maior parte do Guarulhos-Tucuruvi e o principal trecho do Itapevi-São Paulo. Isso já vai proporcionar um grande ganho de tempo para os usuários", prevê o diretor-presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), Julio Antonio de Freitas. "Em relação aos trechos restantes, vamos deixar até o fim do ano que vem todos os projetos executivos prontos e conseguir as licenças ambientais para que a próxima gestão dê continuidade."

Projeto mais caro e considerado o mais importante, o Guarulhos-Tucuruvi foi atrapalhado principalmente pelas dificuldades para negociar a desapropriação de áreas na parte paulistana da futura via. Os planos iniciais da atual gestão eram inaugurar até o fim de 2010 o principal tronco do projeto, um trajeto de 20,5 km entre o futuro terminal metropolitano de ônibus do Taboão, em Guarulhos, e a Estação Tucuruvi do Metrô, na capital. O custo desse trecho será de R$ 219 milhões.

Por causa das dificuldades, a inauguração dos 4 km do trecho paulistano foi descartada neste primeiro momento. Os cerca de 150 ônibus previstos para circular no corredor vão seguir no município de Guarulhos em faixas exclusivas, mas vão precisar voltar a dividir espaço com automóveis e caminhões na parte final.

"Os ganhos reais de uma obra só são conhecidos quando ela é entregue por completo", diz o professor do Departamento de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Jaime Waisman. "O ponto positivo é que os passageiros já vão usufruir um bom ganho de tempo." Waisman considera esse o principal projeto, pois vai ligar as duas maiores cidades do Estado – 100 mil pessoas por dia devem usar o futuro corredor. "Hoje esses ônibus utilizam a Dutra, que está saturada, e o viário de Guarulhos, que é ruim para o transporte coletivo."

A EMTU estima que o tempo de viagem entre Taboão e a Vila Galvão deve cair de 65 para 15 minutos após a inauguração do trecho. As obras nas vias estão previstas para começar em março do próximo ano e terminar em dezembro. Haverá 33 paradas com áreas de ultrapassagem ao longo dos 16,5 km de vias. O projeto também prevê a construção de três terminais de ônibus: Taboão, Parque Cecap e Vila Galvão. Os dois primeiros devem ser entregues em julho de 2010. Ainda não há previsão para o terminal Vila Galvão, que deve ser incluído na segunda etapa de obras. A empresa também pretende construir uma ciclovia, que vai seguir ao lado do corredor, entre os dois primeiros terminais.

Além de concluir o trecho paulistano, o corredor ainda tem previstos dois outros "apêndices", de 11,8 km: um deles será uma extensão a partir do futuro Terminal Taboão para o bairro São João, em Guarulhos. O outro é uma saída na altura da Vila Endres para a Penha. 

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