Líder do DEM na Câmara questiona cassação do mandato pela Justiça Eleitoral

 

Carlos Apolinário, único que aceitou falar sem intermediários, se disse surpreso com a decisão

A decisão do juiz da 1ª Zona Eleitoral, Aloisio Sérgio Rezende Silveira, que cassou e declarou inelegíveis por três anos 13 vereadores da cidade de São Paulo acusados de terem recebido recursos ilegais da empresa AIB – Associação Imobiliária Brasileira para a campanha eleitoral, pegou os parlamentares de surpresa nesta segunda-feira (19/10). Procurados para falar sobre o assunto, a maioria preferiu a estratégia de minimizar o fato, solicitando que seus advogados fossem procurados para prestar os esclarecimentos.

O único vereador contatado que concordou em abordar o tema foi Carlos Apolinário, líder do DEM na Casa. “A decisão foi uma surpresa, pois a minha prestação de contas já tinha sido aprovada. Agora, a Justiça vem e diz que minhas contas não estavam certas”, protestou.

Ele afirma que a AIB – Associação Imobiliária Brasileira fez doações de campanha para muitos políticos brasileiros, entre os quais o presidente Lula e o governador José Serra. “Já doaram recursos para diversos candidatos e todas as contas foram aprovadas. Se tivessem dito que era algo irregular, eu não teria aceitado a doação na campanha passada.”

Apolinário informou que está recorrendo da decisão e se disse tranquilo quanto ao resultado. “Eu confio na Justiça Eleitoral. O próprio promotor aceitou retirar as acusações contra a AIB”, argumentou.

Além de Apolinário, foram cassados os vereadores Adilson Amadeu (PTB), Adolfo Quintas (PSDB), Carlos Bezerra (PSDB), Claudinho de Souza (PSDB), Dalton Silvano (PSDB), Domingos Dissei (DEM), Gilson Barreto (PSDB), Marta Costa (DEM), Abou Anni (PV), Ricardo Teixeira (PSDB), Ushitaro Kamia (DEM) e Wadih Mutran (PP). Todos estão ingressando com recurso no Tribunal Regional Eleitoral.

De acordo com o Ministério Público (MP), a AIB doou irregularmente R$ 10,8 milhões nas últimas eleições. O entendimento da promotoria é que a entidade não poderia fazer doações por se tratar de pessoa jurídica sem fins lucrativos.

As apurações do MP revelam ainda que a associação seria ligada ao Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP).

Em maio passado, a AIB se livrou do processo pelas irregularidades, firmando um acordo com o Ministério Público se comprometendo a não fazer mais doações eleitorais.


REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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