O estudo “Carências do Transporte na Região Metropolitana de São Paulo”, realizado pelo Metrô, como desdobramento da Pesquisa Origem e Destino (OD), coloca novamente em destaque um dos mais graves problemas enfrentados pela população da região, que é o principal centro econômico do País – o tempo enorme gasto diariamente pelos que utilizam o transporte coletivo. Há muito que as viagens de ida e volta do trabalho, longas e desconfortáveis, especialmente para os que moram em regiões distantes na periferia, transformaram-se numa verdadeira provação.
Essas viagens podem durar até o dobro do tempo que levariam, em condições normais, em 75 dos 96 distritos da capital. Como exemplo, o estudo mostra que quem vai da Vila Mariana para o Morumbi leva 88 minutos para completar o trajeto, quando sua duração normal seria de 44 minutos. Os deslocamentos na cidade duram, em média, 21minutos a mais do que em condições normais e, especificamente na área do centro expandido, quase meia hora a mais. Os motivos são, no caso das viagens dos que vivem na periferia, a falta de ônibus, a superlotação dos trens e as longa filas nos pontos e terminais de transferência. No centro expandido há maior oferta de transporte coletivo, mas essa vantagem é eliminada pelos congestionamentos, pelo excesso de semáforos e pelos acidentes que travam o trânsito.
A Secretaria Municipal de Transportes promete que até o ano que vem o tempo médio gasto nas viagens vai diminuir em 21 dos distritos em que a situação é pior. Segundo o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, com a expansão do metrô – a inauguração da Linha 4-Amarela e de novos trechos da Linha 2-Verde -, haverá maior número de ligações entre as linhas do sistema, melhor redistribuição dos passageiros e redução do tempo de viagens. Os benefícios que essas novas linhas trarão são inegáveis. Nas áreas cortadas pela Linha 4, por exemplo, estão os bairros com maiores carências de transporte coletivo, onde as viagens ficam em média 33 minutos acima do normal.
Só isso, porém, não basta para melhorar significativamente a situação. Para tanto, é indispensável, no curto prazo, a construção de mais corredores de ônibus, que possibilitam maior velocidade média a esses veículos, e a adoção de itinerários mais racionais. Como demonstram estudos feitos por especialistas na matéria, por uma faixa exclusiva de ônibus pode circular um número de pessoas cinco a dez vezes maior do que em faixas para automóveis.
Infelizmente, os investimentos feitos pela atual administração na construção, reforma e manutenção de corredores de ônibus têm ficado muito aquém do necessário. Está na hora de mudar essa orientação.