Projeto para estimular a ocupação prevê aumentar para 230 habitantes por hectare a ocupação, que hoje é de 90
Verba para obras virá de operação urbana que inclui parte de Perdizes e Água Branca; ideia é aproveitar a infraestrutura pouco usada
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo elabora um projeto para estimular o crescimento da população na região da Barra Funda (zona oeste), que dispõe de boa infraestrutura, principalmente de transporte público, mas que ainda é pouco usada.
A nova densidade demográfica prevista é de 230 habitantes por hectare. A atual é de 90 habitantes por hectare -ou 9.000 pessoas por km2. Cada hectare equivale a 10 mil m2 ou 0,01 km2.
Nenhum distrito da cidade tem densidade tão alta. O mais adensado é o da Bela Vista (centro), com 222 habitantes por hectare. Em Perdizes, a proporção é de 161 habitantes por hectare.
Para que a região esteja preparada para receber esse volume maior de pessoas, está sendo feito um pacote de obras viárias de R$ 400 milhões. As obras são para evitar o caos no trânsito e estimular a ocupação dos terrenos vazios.
A área já dispõe de uma estação de metrô, e o governo do Estado projeta ali a passagem de outra linha, que vai ligar a Freguesia do Ó (zona norte) à estação São Joaquim (centro) da linha 1-azul, e de uma nova estação de trem.
A região faz parte da Operação Urbana Água Branca, que inclui toda a Barra Funda e parte dos bairros da Água Branca e de Perdizes.
Ali fica o Memorial da América Latina, a rodoviária e estação de metrô da Barra Funda, os shoppings West Plaza e Bourbon Pompeia e o Parque Antártica, onde ficam o clube e o estádio do Palmeiras.
Outorga onerosa
O projeto das obras ainda está sendo elaborado. Edward Zeppo Boretto, diretor de Obras da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), estima que esteja pronto em maio. A licitação pode ser aberta em seguida.
As obras serão bancadas pela própria operação urbana. Funciona assim: todos os prédios novos da área precisam pagar uma taxa à prefeitura para construir acima de um determinado limite de altura.
Esse dinheiro, chamado outorga onerosa do direito de construir, vai para o caixa da operação urbana e é carimbado, ou seja, só pode ser usado em obras locais.
Enchentes
A região já tem trânsito complicado e sofre com as constantes enchentes.
Entre as obras previstas para a "nova fase" da Barra Funda estão a extensão de duas avenidas (Auro Soares de Moura Andrade e Gustav Willi Borghoff), um túnel na avenida Santa Marina, a mudança de traçado da linha de trem, um parque próximo ao viaduto Pompeia e obras de drenagem para evitar novas enchentes, um dos problemas críticos da região.
"A primeira coisa a fazer é a drenagem", afirmou Boretto. Segundo ele, foi descartada a ideia de fazer um grande piscinão sob a praça Marrey Júnior, no encontro das avenidas Sumaré e Antártica.
Serão refeitas as galerias por onde passam os córregos Água Branca e Água Preta, nos eixos das avenidas Pompeia e Antártica. Também estão previstos dois piscinões pequenos.
Não há previsão para o início ou para a conclusão das obras. As intervenções serão feitas à medida que o dinheiro for entrando no caixa.