O auditório do Colégio Nova Cachoeirinha recebeu nesta segunda-feira (9) moradores de diferentes bairros da Zona Norte da cidade para discutir a mobilidade e o transporte na região. Esta foi a terceira plenária regional realizada pelo Movimento Nossa São Paulo para contribuir com o Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis.
No início do encontro, Maurício Broinizi, coordenador executivo do Movimento Nossa São Paulo, apresentou as propostas recebidas através do portal e já sistematizadas. Como diretriz geral, Maurício explicou que as metas preveem “gestão participativa, descentralizada e de integração dos vários tipos de transportes”. E, segundo ele, um dos principais problemas é a estrutura radial de transporte, que não permite às pessoas circularem entre os bairros diretamente, sem ter que passar pelas áreas mais centrais.
Renato Martins, do Conseg da Zona Norte, questionou como a descentralização administrativa – uma das bandeiras do Movimento Nossa São Paulo – poderia contribuir para a melhoria da mobilidade em São Paulo. Maurício Broinizi explicou: “Queremos que as subprefeituras realmente funcionem como uma mini-prefeitura em cada região. E, se assim forem, as questões ligadas ao transporte seriam tratadas localmente também, o que facilitaria muito o diálogo com a população”.
Além da mobilidade, as políticas de transporte impactam também nas questões de moradia. “O pessoal da Freguesia do Ó está muito preocupado com a proposta de um metrô na região. Isso porque as obras vão provocar a reintegração de posse de alguns terrenos e muita gente pode ficar sem ter onde morar”, alertou Antonieta Felix, da Pastoral da Moradia na Freguesia do Ó. Maurício concordou que a falta de terrenos é um problema sério na cidade, mas reforçou que a ampliação das ofertas de trânsporte aproxima outras formas de trabalho e melhora significativamente a qualidade de vida da população.
Elisa Pulerman, do jornal ZN na Linha e do Conselho do Parque Estadual da Cantareira, criticou a proposta de ampliação do Rodoanel para a Zona Norte da cidade: “O projeto atual passa por cima da vida das pessoas, não há limites. Existem alternativas, não é preciso criar novas estradas”.
Eduardo Britto, também do ZN na Linha, lembrou que há um projeto de extensão da avenida Cruzeiro do Sul até a avenida Engenheiro Caetano Álvares há muito tempo em discussão e que nada saiu do papel até agora. “A Prefeitura não dialoga com a Emurb, não há planejamento”, criticou.
A moradora do Jardim Peri Dayse Batista de Souza apresentou como proposta a criação de diversas linhas noturnas na cidade. “Muitas vezes chego tarde do trabalho e não tenho acesso a nenhum tipo de transporte público. Tenho que recorrer às caronas ou aos táxis. Não tem cabimento uma cidade como São Paulo não manter linhas de ônibus que circulem também de madrugada”, completou.
A necessidade de linhas de ônibus que façam a ligação direta entre os bairros da Zona Norte – sem que seja preciso ir até pontos centrais da região, como Santana – foi consenso entre os participantes da plenária. “Nós, da Vila Nova Cachoeirinha, estamos muito próximos da Freguesia do Ó, por exemplo, mas é dificílimo chegar até lá. Quem vai da Freguesia para a Vila Maria, por exemplo, também tem que passar em Santana, fazer um percurso muito maior do que poderia ser. Precisamos urgentemente interligar os bairros”, resumiu Renato Martins.
REPORTAGEM: LUANDA NERA luanda@isps.org.br