DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), disse que pode dar às empresas de ônibus o direito de vender créditos de carbono caso decidam usar ônibus movidos a álcool (etanol).
Os 15 mil ônibus da frota municipal são movidos a diesel, muito mais poluentes que o etanol.
Cálculos do Cenbio (Centro Nacional de Referência em Biomassa), da USP, apontam que, se esses veículos usassem etanol, a poluição emitida por eles seria equivalente a apenas 3.000 ônibus.
A economia feita com a troca do combustível poderia ser convertida em créditos de carbono, que seriam vendidos para empresas ou governos estrangeiros de países desenvolvidos. Esse é um mecanismo previsto no Protocolo de Kyoto, que estabelece metas para a redução da emissão de poluentes em todo o mundo.
Kassab afirmou que o grande empecilho para que as empresas adotem o combustível menos poluente é o custo de operação do sistema. Isso porque o consumo de etanol é maior e ele custa mais caro.
Na prática, apenas subsídios públicos viabilizariam a operação. Gilberto Kassab descarta subsidiar a troca do combustível com dinheiro da prefeitura, mas a venda de créditos de carbono pode ser uma alternativa.
Mesmo assim, a conta não fecha porque os créditos de carbono pagariam apenas uma parte da troca da frota, mas não bancariam o custo maior do sistema.
Ontem entrou em operação, em fase de testes, o primeiro ônibus a etanol da frota municipal, que vai circular entre a Lapa e a Vila Mariana. Os testes serão feitos por 60 dias. A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) já testa um ônibus semelhante há dois anos no corredor ABD, entre Jabaquara e Diadema.
(EVANDRO SPINELLI)