Jornalistas destacam a necessidade de planejamento para melhorar qualidade de vida

 

O fio condutor de tudo o que está nas respostas é a sociedade do egoísmo versus a sociedade do coletivo. (…) O egoísta exclui e o coletivo inclui”. A fala de Marcus Aurélio de Carvalho, gerente executivo da Rádio Globo , abriu o debate no evento de apresentação dos resultados da primeira fase do IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), no Sesc Vila Mariana, nesta terça (17/11).

Além de Carvalho, também participaram do debate os jornalistas Naiana Oscar, do Jornal da Tarde, Davi Franzon, do Metro Jornal, Cristiana Randow, da TV Globo, Camila Hessel, da revista Época São Paulo e Eduardo Britto, do portal ZN na Linha, com a mediação de Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo.

Um ponto comum na fala dos jornalistas é a percepção de que a pesquisa revela a necessidade de maior planejamento de São Paulo para melhorar a qualidade de vida das pessoas. “As respostas demonstram o problema de zoneamento da cidade”, disse Nayana Oscar, ao se referir à demanda por mais equipamentos de cultura e esporte revelada na consulta pública. E demonstrou uma preocupação: “Fala-se em expansão do metrô, isso me preocupa um pouco, porque grandes cidades com boa rede de metrô têm o mesmo problema de mobilidade. Será que as pessoas concordariam com restrição maior ao uso dos carros?”, questionou.

Brito também destacou o foco no planejamento. “É fundamental que a gente pense a cidade com um todo, mas é preciso pensar em algumas questões para enfrentar a ‘turma do egoísmo’ [expressão usada por Marcus Aurélio anteriormente]”.

Como outros colegas da mesa, Franzon reforçou a relação entre o problema da mobilidade e do planejamento urbano. De acordo com ele, a pesquisa mostra que a distância que o pai tem para ir ao trabalho é a mesma que a criança tem para ir às escola, porque “a gente projetou a cidade para o centro e esqueceu as regiões periféricas”. Para Franzon, os problemas básicos mencionados na pesquisa, como pontualidade dos ônibus e falta de iluminação, vão continuar, “se não houver planejamento e uma abertura para um maior debate na cidade”.

Na avaliação de Camila, as respostas não confirmam o estereótipo do paulistano que quer se aposentar e ir embora da cidade. “As pessoas querem votar para subprefeito, querem usufruir do seu bairro, querem ter parque perto de casa.” Camila observou que as demandas apresentadas na pesquisa estão conectadas e por isso é possível eleger ações que atendam “em uma tacada só” essas necessidades da população. “Espero que [essa pesquisa], seja um pedacinho de pedra na água e gere ondas para a gente pensar de maneira integrada a cidade”, concluiu.

Oded Grajew observou que a elaboração do IRBEM partiu deste processo participativo "porque o Movimento Nossa São Paulo acredita na democracia participativa". Ressaltou também que os indicadores têm um importante papel de pautar as ações. “Eles é que balizam para onde vai nossa atenção, nossa energia, nossa ação”. E informou a todos que os dados serão entregues ao governador, prefeito e secretários, para que a “informação possa ter ação equivalente”.

Maurício Broinizi, coordenador executivo do Movimento, explicou que os dados serão tratados pelo GT Indicadores para em seguida serem incorporados na pesquisa do Ibope, com  amostra proporcional  à população em relação à idade, renda e regiões da cidade.

 

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