Senado não deve liberar carros movidos a diesel, defende Romeu Tuma

 

O senador Romeu Tuma (PTB-SP) pretende atuar para evitar a aprovação na Casa do projeto que libera a venda de carros de passeio movidos a diesel.  O projeto passou na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do senado no dia 5 de agosto. “Provavelmente será o mesmo projeto do motor de caminhões pesados [que rodam atualmente], então, vai continuar poluindo violentamente”, disse Tuma em entrevista. O senador anunciou a opinião contrária ao projeto em evento que abordou os males gerados pelas emissões dos combustíveis fósseis na saúde das pessoas, promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, no dia 14.

Dados de pesquisas científicas abordadas no evento influenciaram a decisão do Senador.  Entre as informações, as divulgadas pelo médico e pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP , Paulo Saldiva. Segundo o médico, na capital ocorrem 12 mortes por dia devido à poluição do ar, metade provocada diretamente pelo diesel utilizado pelos veículos.  “Pode liberar carros a diesel, desde que seja com combustível de boa qualidade e os motores tenham catalisador, explicou Saldiva em conversa com o senador no intervalo do evento.

Ouça entrevista sobre o projeto com o médico Paulo Saldiva na rádio CBN

Em um dos debates do evento, o cardiologista Adib Jatene questionou se não seria possível substituir toda a frota a diesel pelo etanol. O Engenheiro Henry Joseph Jr, representante da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), respondeu que, no passado, a Mercedes colocou no mercado um motor a álcool para veículos pesados. Mas a experiência não teria dado certo devido aos custos, já que o motor consome muito mais álcool para obter o mesmo desempenho atingido com o diesel.

O médico Paulo Saldiva complementou o debate, afirmando que se o cálculo levasse em conta os custos dos males provocados pelo diesel, tanto em vidas perdidas quanto para o sistema de saúde, o etanol se tornaria viável economicamente. Estudos revelam que a região metropolitana de São Paulo perde U$ 1,5 bilhão por ano devido à poluição.

O grande problema do diesel brasileiro é a quantidade de enxofre. Na Europa o diesel tem concentração de 10 partes por milhão. No Brasil, o combustível tem proporção de 500 partes por milhão nas grandes cidades e de 1.800 no interior. Uma resolução do Conama de 2002 previa a redução do enxofre no combustível brasileiro para 50 ppmS em janeiro deste ano. Mas um acordo liderado pelo ministério público, envolvendo a Petrobrás, as montadores e  a Cetesb adiou por quatro anos a distribuição do diesel mais limpo. O acordo prevê para 2012 a utilização do S-10.

Entidade de cardiologistas vai encaminhar propostas às autoridades para reduzir poluição

O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Antonio Carlos Chagas, disse que a partir dos estudos abordados no evento, a entidade vai encaminhar às autoridades de meio ambiente e saúde uma carta de intenções solicitando medidas para reduzir a poluição. “Serão propostas de política públicas, em função dos conhecimentos aqui apresentados.”

Outra medida que a entidade vai tomar incluir na agenda de prevenção a doenças a data de 5 de julho, quando é comemorado o dia do Meio Ambiente. A idéia é neste dia alertar a população sobre os males causados pela poluição do ar.

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