Especialistas em trânsito e ambientalistas dizem que opção do governo de SP para o trecho norte do Rodoanel foi correta
Principal ressalva é para a possibilidade de anel viário ter acessos à malha urbana e se transformar em avenida, desvirtuando ideia original
DA REPORTAGEM LOCAL
A opção do governo de implantar o trecho norte do Rodoanel longe da área de mananciais da serra da Cantareira foi bem recebida por especialistas em trânsito e ambientalistas, mas com algumas ressalvas.
A tendência é que a via seja mais atrativa para deslocamentos metropolitanos (por exemplo, entre Guarulhos e Osasco) -e não só rodoviários- e como alternativa à marginal Tietê.
Luiz Célio Bottura, que foi presidente da Dersa nos anos 80, aprova essa alternativa e diz que ela tende a atrair uma demanda maior ao anel viário.
"Se ficasse mais distante, ficaria ociosa, seria uma concorrente da rodovia Dom Pedro", diz Bottura, que afirma ter sugerido essa trajetória de anel viário ao Estado há 20 anos.
O arquiteto e urbanista Flamínio Fichmann, ex-técnico da CET, aprova a opção do traçado mais perto da capital paulista -tanto por reduzir distâncias como por esperar um adensamento do entorno menor do que se a trajetória fosse mais para dentro da serra, onde os terrenos são mais baratos.
Mas Fichmann ressalva ser contra a pressão por acessos do anel viário à malha urbana, por temer que possa desvirtuar a ideia original do Rodoanel -de ser uma rota de passagem entre rodovias, e não uma avenida. "Não pode cair no erro da Dutra, que fica congestionada pelo tráfego de Guarulhos."
O ambientalista Mário Cezar Lopes do Nascimento, que integra o subcomitê Juqueri-Cantareira da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e acompanhou toda a polêmica em torno das primeiras discussões do trecho norte, elogiou a decisão do governo de mudar o plano.
"É uma vitória dos ambientalistas. Finalmente, o governo reconhece que o projeto [antigo] era um equívoco." (AI E JEC)