Governo Serra mudou traçado do trecho norte; estrada passará por dentro do perímetro urbano e será licitada em 2011
Ideia original foi rechaçada pela Sabesp, preocupada com o abastecimento, e pela pasta do Meio Ambiente, que não licenciaria obra
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo decidiu construir o trecho norte do Rodoanel dentro da capital em vez de implantar o anel viário, com cerca de 50 km, na região de mananciais da serra da Cantareira, como previa o projeto original, de seis anos atrás.
Agora, o Rodoanel vai cortar áreas com alta ocupação urbana nas escarpas da serra da Cantareira, zona norte de São Paulo. A estrada vai ligar o trecho oeste, a partir de um entroncamento com a avenida Raimundo Pereira de Magalhães, até a via Dutra (BR-116), já na região de Guarulhos.
Está previsto ainda um novo acesso ao aeroporto internacional de Guarulhos (Cumbica), o que deve diluir o tráfego da via que liga a rodovia Ayrton Senna aos terminais.
Oficialmente, a Dersa disse ontem que a escolha não é definitiva e que há possibilidade de mudança, já que o projeto tem outras alternativas. A Folha apurou, no entanto, que a escolha já foi feita, tanto que o governo só abriu licitação para contratar projeto básico para a alternativa dentro da capital.
O projeto do trecho norte é o último do Rodoanel -o oeste (da Régis Bittencourt à av. Raimundo Pereira de Magalhães) foi o primeiro a ser concluído, em 2002; o sul, que envolverá o sistema Anchieta-Imigrantes, deve ser entregue em março de 2010; e o leste já está em fase de licenciamento ambiental.
O trecho norte não está orçado, mas os 43,5 km do leste são estimados em R$ 5 bilhões.
A decisão final ocorreu depois de uma série de estudos contratados em abril pela Dersa para verificar qual traçado seria mais viável -até então, o governo José Serra (PSDB) ainda cogitava o projeto antigo.
Essa ideia original foi rechaçada tanto pela Sabesp, preocupada com o abastecimento de água, quanto pela Secretaria do Meio Ambiente, que não aceitava licenciar a obra.
A Dersa pretende receber o projeto básico 12 meses após a assinatura do contrato e licitar a obra em 2011, após o término da atual gestão Serra. Segundo a licitação da Dersa, boa parte do trecho norte será construída através de túneis e viadutos -serão de 155 mil m2 dessas obras-, mas ainda assim será necessário desapropriar áreas.
A empresa que vencer a concorrência terá que mapear uma área de 70 mil m2 de favelas, para verificar quantos barracos serão removidos. Também estão previstas interferências em vegetação importante, topos de morros, mananciais e áreas alagadiças. Por isso, ainda poderão ser feitas pequenas alterações no traçado, para reduzir o impacto ambiental da obra.
O projeto também vai incluir praças de pedágio nas alças de saída do Rodoanel, como nos acessos para a Fernão Dias (BR-381). Está prevista a instalação de ao menos duas cabines de cobrança (uma automática e outra mista) por praça.
Leia também: "Novo traçado é elogiado, mas com ressalvas" – Folha de S.Paulo