“Kassab mantém turno da fome” – Jornal da Tarde

 

Cerca de 20 mil alunos da rede municipal vão continuar estudando na hora do almoço em 2010

MARIANA MANDELLI, mariana.mandelli@grupoestado.com.br

A rede municipal de ensino de São Paulo vai manter o chamado “turno da fome” por pelo menos mais um ano no ensino fundamental. O município entrou em 2010 com 47 escolas de ensino fundamental (Emefs) organizadas com esse turno – eram 69 no ano passado. Quase 20 mil alunos começarão o ano letivo estudando nesse horário de aula.

O período intermediário de aulas espremido na hora do almoço, das 11h às 15h, limita a quatro horas diárias o tempo do estudante na sala de aula, dificulta a administração do colégio e não é recomendado por educadores. A meta inicial do prefeito Gilberto Kassab (DEM) era acabar com esse turno letivo ao final de 2008, promessa da campanha eleitoral daquele ano que não foi cumprida.

O número de escolas com o turno da fome em 2010 e a revisão da meta oficial para acabar com esse período de aulas foram formalizados ontem, na sede da Prefeitura, em evento em que a Secretaria Municipal de Educação apresentou o balanço da gestão Kassab e as metas para os próximos anos.

Segundo o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, o prefeito deve anunciar para este ano a construção de cerca de 50 Emefs, número que, de acordo com a pasta, daria conta de acabar com o turno da fome.

Esse período de aulas foi criado nos anos 1970 na rede municipal para atendimento de áreas de grande demanda, onde não havia vagas nos períodos da manhã e tarde. Com o passar dos anos, houve a universalização do ensino público e o turno se espalhou por praticamente toda a rede.

Em 2006, a gestão Kassab anunciou um cronograma de construções de novas escolas e iniciou assim uma cruzada para acabar com esse período de aulas.

Agora, depois de mais de um adiamento do fim do turno intermediário, o objetivo da gestão Kassab é chegar a 2011 sem nenhuma criança estudando nesse período. A secretaria, no entanto, não sabe precisar a data do fim do turno da fome, alegando que o andamento dos projetos depende de diversas condições – como o planejamento das obras, por exemplo.

Apesar de prorrogar o fim do turno, o secretário destacou que, entre 2005 e 2009, São Paulo reduziu de 326 para 69 escolas funcionando com o turno intermediário.

“Reduzimos para quase nada, de 75% para 9% das escolas.”

Para Mozart Ramos, presidente-executivo do Movimento Todos pela Educação, vai ser difícil a Prefeitura conseguir atingir as metas a que se propôs ao final da primeira gestão de Gilberto Kassab, em 2008 – zerar o déficit no atendimento da educação infantil é outro compromisso assumido pelo prefeito. “Sozinha, a Prefeitura não vai dar conta dessa demanda histórica”, afirma. “Deve haver um pacto com empresas e organizações sociais para que se faça isso de uma forma comunitária.”

O secretário de Educação destacou, por outro lado, que a cidade conseguiu erradicar as “escolas de lata”, outra meta traçada pela atual gestão. A pasta também anunciou a implantação de programa para atender aos alunos portadores de deficiência.

ATÉ QUANDO?

47 ESCOLAS Municipais iniciarão o ano letivo com o turno intermediário de aulas da hora do almoço, que limita tempo do aluno no colégio a 4 horas/dia

 

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