“Defensoria cobra na Justiça ação de Kassab para bairros alagados” – O Estado de S.Paulo

 

Medidas do Daee também são questionadas; ontem, prefeito visitou área

Ana Bizzotto

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo entrou ontem na Justiça com ação civil pública pedindo que a Prefeitura suspenda as remoções de famílias da área alagada há mais de um mês na zona leste da capital paulista, até que a intervenção nos bairros para construção do Parque Linear da Várzea do Tietê seja discutida com os moradores. Enquanto isso, em visita à região, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) renovou a promessa de assistência a "todas as famílias", mas sem apresentar medidas concretas para retirar a água das ruas e casas.

A ação da Defensoria também pede que a Prefeitura e o Departamento de Águas e Energia Elétrica sejam obrigados a realizar serviços de drenagem e limpeza que garantam a vida e a saúde dos moradores. O pedido de remoção exclui os moradores cujas casas construídas às margens do Tietê estejam em situação de risco por instabilidade do solo. No dia 28, o órgão havia pedido informações à Prefeitura, recomendando a realização de vários serviços.

"A resposta veio muito vaga, e diante disso decidimos entrar com a ação", afirma o coordenador do Núcleo de Habitação e Urbanismo da Defensoria, Carlos Henrique Loureiro. "Não discordamos da remoção, mas isso tem de ser feito com a participação da população e com a realização de audiências públicas. O poder público está se valendo dessa situação de calamidade para estimular a população a aceitar essa transferência sem negociação", afirma o defensor.

"Não recebi nenhuma notificação, mas com certeza o trabalho será em conjunto, e a Defensoria Pública tem espírito público e saberá entender o que pode ser objeto desse diálogo e o que precisa de um trabalho mais rápido do poder público", comentou Kassab, durante a visita aos bairros Jardim São Martinho e Vila Seabra.

Na visita, que durou 1h30, o prefeito foi abordado por diversos moradores que pediam ajuda e cobravam medidas para resolver a situação. Ao contrário de sexta-feira, quando foi hostilizado por moradores do Jardim Romano, também na zona leste, Kassab foi bem recebido. Após caminhar por um pequeno trecho, acompanhado pelo secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, e outras autoridades, ele percorreu a maior parte do trajeto na caçamba do carro da Defesa Civil, enquanto a população o seguia a pé. Algumas crianças, descalças, exibiam cartazes com dizeres como "Kassab, as famílias sairão se houver outra moradia pronta" e "Kassab, a moradia é nosso direito".

"Vamos continuar nos esforçando para, o mais rápido possível, concluir esse projeto, que tem curto prazo, médio prazo e longo prazo", afirmou Kassab. "Ele devia é ter entrado nas casas para ver que não temos condições de ficar aqui", disse a doméstica Aparecida Monteiro, chateada com o fato de o prefeito não ter entrado nas residências do bairro.

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