Lourival Sant’Anna
Assim como Renata Santiago poderia estar fazendo faculdade para aumentar sua renda e abrir horizontes em sua vida, milhões de moradores de São Paulo poderiam estar produzindo mais, consumindo e descansando, em vez de estar no transporte público ou em seus carros: em São Paulo há 6,5 milhões de usuários de ônibus, que realizam 11 milhões de viagens por dia, além de 4 milhões a bordo de metrô e 2 milhões de trem, e dos 6 milhões de automóveis registrados na cidade.
De acordo com o economista Marcos Cintra, secretário municipal do Trabalho e professor da Fundação Getúlio Vargas, o "custo de oportunidade" dos congestionamentos em São Paulo, ou seja, o que a população empregada deixa de produzir, somou R$ 26,6 bilhões em 2008. A conta foi feita com base na renda per capita, na quilometragem da lentidão e no número de carros e ônibus presos nela. O custo adicional de combustível e dos problemas de saúde causados pela emissão a mais de poluentes representou outros R$ 6,5 bilhões.
O total, R$ 33,1 bilhões, supera os cerca de R$ 30 bilhões investidos no metrô de São Paulo em quatro décadas. Com esse dinheiro, daria para construir, hoje, 176,5 km de metrô em São Paulo. A rede tem 61,3 km. Para expandi-la para 80 km, construir outros 80 km de trens de superfície, novos corredores de ônibus e metrô leve, o governo do Estado está investindo R$ 21 bilhões entre 2007 e este ano.
O geógrafo Renato Balbim, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), alerta que o problema tende a se agravar. "O Brasil está em processo de desenvolvimento. Cada vez mais gente fará universidade, haverá mais emprego e mais renda. As pessoas estão só começando a circular."