“Paulistano reclama de demora para agendar consultas e exames” – Portal G1

Espera ultrapassa 2 meses, diz pesquisa do Movimento Nossa SP.
Entrevistados elogiam qualidade dos serviços de saúde na cidade.

Bruno Azevedo do G1, em São Paulo

O paulistano está satisfeito com a qualidade dos serviços públicos de saúde e educação que recebe. Por outro lado, a espera para conseguir marcar uma consulta ou um exame é grande. A conclusão é o que salta da pesquisa de Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), feita pelo Ibope Inteligência, sob encomenda da ONG Movimento Nossa São Paulo.

Segundo o levantamento – que ouviu 1.512 pessoas entre os dias 2 e 16 de dezembro do ano passado -, o tempo médio para um paulistano conseguir marcar uma consulta é de 65 dias. O agendamento de um exame leva 77 dias e o de procedimentos médicos mais complexos, como cirurgias, demora, segundo os entrevistados, 162 dias.  

A dona de casa Mônica Aparecida Grigaitis, de 46 anos, confirma a pesquisa. Para agendar uma consulta com um neurologista e um cardiologista na rede pública foram quase 60 dias de espera.

“Demorou muito o agendamento. Em caso de emergência, o atendimento costuma ser de qualidade”, comenta Mônica, que está com o marido internado há quase um mês no Hospital Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, Zona Sul.

Ali mesmo no Hospital Saboya, o churrasqueiro Lindenberg Soares, de 28 anos, tem a mesma impressão que a dona de casa. Ele procurou o pronto-socorro para um atendimento de emergência e foi rapidamente atendido na terça-feira (19). Por outro lado, marcar uma cirurgia de pulmão para sua mulher foi mais complicado.

“Ela chegou a esperar dois meses pela cirurgia, no ano passado”, conta Soares, elogiando o atendimento recebido na rede pública de saúde.
A satisfação do paulistano que precisa usar os postos de saúde, hospitais e os postos de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) é mostrada na pesquisa. A distribuição gratuita de medicamento levou, de 1 a 10, nota 7,2 na pesquisa de dezembro do ano passado, ante 7,5 em novembro de 2008.

A queda na avaliação foi verificada também nos seguintes serviços:

Psiquiatria e saúde mental (de 7,4 para 7,0)

Serviços odontológicos (de 7,0 para 6,5)

Saúde da família (de 7,4 para 7,1)

Tratamento de doenças (de 6,8 para 6,6)

Atendimento ambulatorial (de 6,5 para 6,4)

Atendimentos de emergência (de 6,5 para 6,3)

Apenas os serviços de ambulância tiveram uma melhora na avaliação, passando de 6,5 para 6,8. Já as consultas com especialistas mantiveram a nota 6,8, segundo os entrevistados. Pelos critérios do Ibope Inteligência, notas de 1 a 5 significam total insatisfação; de 6 a 8, satisfação; e acima de 8, totalmente satisfeito. A média ficou em 5,5.

Procurada pelo G1, a Secretaria Municipal da Saúde não comentou o problema da demora para marcar consultas e exames na rede pública da cidade e informou apenas que houve ampliação na oferta de serviços à população. Segundo o órgão, o número de consultas realizadas passou de 19 milhões, em 2004, para 25 milhões em 2009 e a quantidade de exames realizados triplicou neste mesmo período. Ainda de acordo com a secretaria, a quantidade de serviços e equipamentos de saúde aumentou de 545 para 846 de 2004 a 2009.

Paulistano está insatisfeito com a cidade

Ainda de acordo com o levantamento, os entrevistados atribuíram nota 4,8 para a qualidade de vida na maior cidade do país, abaixo da média de satisfação de 5,5. O índice de paulistanos que mudariam da cidade se tivessem oportunidade subiu de 46%, em 2008, para 57%, em 2009. Já o percentual de entrevistados que disseram que não gostariam de sair de São Paulo caiu de 53% para 41% no mesmo período.

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