Fonte: Blog do Seminário dez anos depois
No último dia do Seminário 10 anos de Fórum Social Mundial, os participantes foram convidados a dar as suas impressões sobre o evento e fazer propostas tanto para o próximos fóruns como para a construção de um outro mundo possível. Algumas sugestões apresentadas:
– Formação de uma rede colaborativa de movimentos sociais para estimular a troca de experiência e permitir organizações que trabalham pela mesma causa, em diferentes locais, se articularem em torno de uma determinada luta;
– Adotar uma metodologia que inclua nos painéis, além de intelectuais, pessoas que estão vivendo os problemas ou as soluções apresentadas ;
– Investir para que a infra-estrutura do Fórum reflita minimamente o que está sendo discutido. Para isso, banir a participação de empresas transnacionais no evento e no lugar delas, usar serviços locais e economia solidária. Assim, o Fórum falará não só para seus participantes como para toda a sociedade, apontando alternativas concretas para um outro mundo possível;
– Trazer o acampamento da juventude para o centro das discussões;
– Incluir discussões sobre os seguintes temas: direito à comunicação e mídias alternativas; o exercício do poder em seus diferentes aspectos; relações de trabalho, que devem ficar ainda piores depois da crise financeira; saúde do trabalhador; posturas pessoais;
– Estimular mudanças no comportamento dos indivíduos;
– Tirar uma posição do Fórum a respeito das mudanças climáticas: queremos um desenvolvimento econômico que inclua a todos e gere trabalho ou vamos defender o crescimento zero para reduzir as emissões?
– Melhor as conexões com a China e trazer o país de fato para as discussões do fórum;
– Incluir uma variedade maior de profissionais, como os de tecnologia, no debate;
– Criar espaços para sistematizar as denúncias;
– Melhorar a infra-estrutura com serviços médicos;
Também houve críticas:
– Faltaram análises mais profundas sobre a conjuntura social e os impactos do capitalismo no nosso dia-a-dia;
– As discussões e o próprio fórum foram muito fragmentados;
– No Fórum continua havendo uma hierarquização de lutas e visões;
– Saímos daqui sem uma agenda política clara.
Algumas colocações como a de Pedro Borba do movimento estudantil questionavam o conteúdo das discussões. “Fiquei preocupado porque em todas as atividades que eu participei era recorrente a pergunta sobre qual caminho devemos seguir. Via de regra, eu desconfio de quem tem muita certeza e de quem diz que sabe como será o socialismo de um século que começou agora”, disse. “Em vez de pedir aos debatedores para apontar uma saída, essas pessoas deveriam dar o testemunho do que elas, como indivíduo, estão fazendo.”
Pedro também discordou da necessidade de um consenso apontada por vários debatedores como o caminho obrigatório para construção do socialismo do século 21. “Uma agenda consensual é impossível. Falar que a gente é a favor da democracia e contra o aquecimento global não nos diferencia de ninguém”, avaliou. Para ele, é preciso detalhar essas questões e radicalizar as discussões.
Lilian Celiberti, da Articulación Feminista Marcosur, compartilha da opinião de Pedro. “Tenho uma preocupação com essa necessidade encontrarmos pontos de acordos, colocada aqui várias vezes. Quando falamos de hegemonia, temos que falar de cada um, o que cabe a cada um de nós fazer”, disse.
DADOS GERAIS DO FSM 10 ANOS GRANDE PORTO ALEGRE
27.350 Inscritos (Geral)
35.000 participantes nas atividades
915 Atividades (Conferências, Seminários e Oficinas)
15,1% dos participantes estrangeiros
Total de 39 países presentes
59,3% de inscritos mulheres
40,7% de inscritos homens
34% com renda inferior a U$ 500
12% com renda acima de U$ 2.500
27 atividades culturais (shows, teatros, mostras, saraus)
112 músicos (nacionais e internacionais)
250 jornalistas credenciados – de 15 países
304 não analfabetizados
316 desempregados
82 empresários