Ana Bizzotto
Um decreto publicado hoje no Diário Oficial declara estado de calamidade pública na área do distrito Jardim Helena, que abrange ao menos 12 bairros, incluindo o Jardim Romano e Jardim Pantanal. O decreto determina que setores competentes devem adotar, de imediato, providências para realizar obras, contratar serviços e fazer compras necessárias, "em caráter emergencial, pelo período de 90 dias".
Às vésperas da volta às aulas nas pré-escolas e a cinco dias do retorno nas escolas da rede municipal, instituições de ensino da região do Jardim Romano, na zona leste, continuam ilhadas, inundadas ou servindo de abrigo. Para dar acesso ao CEU Três Pontes, na alagada Rua Capachós, serão construídas duas passarelas metálicas provisórias, segundo o subprefeito de São Miguel Paulista, Milton Persoli. A Prefeitura, no entanto, informou que a montagem da passagem pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras "dependerá da drenagem da água para a instalação de apoios no piso".
A rede estadual também não escapou das enchentes. A 15 dias do início do ano letivo, a E.E. José Bonifácio, no Jardim Romano, está cheia de lama após ter sido alagada na semana passada. Na E.E. Vereador José Barbosa Araújo, no Jardim Fiorello, Itaquaquecetuba, "só dá para chegar de barco", segundo o motorista José Carlos Oliveira, que tem uma filha na escola.
Apesar da situação, a Secretaria Estadual da Educação afirmou, em nota, que prepara a rede para que a volta às aulas, no dia 18, "ocorra tranquilamente". A Secretaria Municipal de Educação informou que nenhuma escola foi alagada e que trabalha para iniciar as aulas no dia 8, "inclusive nas regiões que sofrem com alagamento".
A inundação onde ainda não havia água fez os moradores ocuparem três escolas municipais. Cada uma abriga 40 pessoas: duas na Vila Itaim e uma na Chácara Três Meninas, onde uma estadual não inaugurada foi ocupada por 500 pessoas. "Não temos perspectiva", lamenta Lúcio Rego, de 35 anos, abrigado na municipal Flávio Rosa. "As escolas não têm estrutura para voltar às aulas", desabafa a professora Geane Pereira. "Passarela não resolve. Imagine o medo dos alunos de cair na água. É humilhante." Segundo Persoli, foram oferecidos outros alojamentos, mais distantes. "Os moradores preferem ficar perto das casas."
COLABOROU FÁBIO MAZZITELLI