“Ciclovia da Radial está dois anos atrasada” – Folha de S.Paulo

 

Pista de 12,2 km liga as estações Tatuapé e Itaquera do metrô; trecho de 2,2 km, no meio da via, ainda não foi concluído

Bicicletas respondem por 0,6% dos deslocamentos na cidade; em 2008, 6% (85 casos) das mortes no trânsito foram de ciclistas

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A ciclovia da Radial Leste, um projeto de 12,2 km anunciado pelas gestões José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) como alternativa de transporte e lazer para a zona leste, está dois anos atrasada.

Desde janeiro de 2008, a via batizada como "Caminho Verde" deveria constituir a maior ciclovia da cidade, ligando as estações Tatuapé e Corinthians-Itaquera do metrô e beneficiando também pedestres e praticantes de cooper.

Um de seus atrativos seria permitir que as pessoas fossem ao trabalho, à faculdade etc. usando a ciclovia, diferentemente de vias construídas antes na cidade, voltadas ao lazer.

Contudo, falta entregar cerca de 20% da obra-o que deve ocorrer neste trimestre, segundo o Metrô, que toca o projeto de R$ 9 milhões com a Secretaria do Verde do município.

Enquanto isso, o usuário convive com buracos e mato em alguns pontos da pista já entregues em 2008 -trecho que começa no final da linha vermelha -estação Corinthians-Itaquera. Em 2009, foi entregue também o outro extremo da pista, de 4 km.

A parte incompleta -de 2,2 km- está no meio, entre a estação Vila Matilde e o viaduto Aricanduva. Aí, há partes já liberadas para uso que contam com inúmeros buracos.

O cicloativista André Pasqualini, diretor-geral da ONG CicloBR e consultor do projeto, diz que a ciclovia poderia ter sido mais bem planejada em certos aspectos. "Poderia ter sido colocada do outro lado do metrô, longe da pista da Radial, para que a poluição não fosse um inconveniente."
O uso da pista é relativamente baixo. Só três ciclistas foram vistos pela Folha em visita de meia hora feita à via no dia 15 de janeiro -uma sexta, às 13h, na altura da estação Patriarca.

A Folha voltou à ciclovia às 19h40 da última quinta -horário de pico. Em meia hora, presenciou quatro ciclistas e corredores na altura da estação Guilhermina-Esperança.

Segundo os usuários, o público é maior nos finais de semana. Eles afirmam gostar da pista, mas apontam inconvenientes. "Já vi até caco de vidro na pista", afirmou o porteiro Nildo Francisco, que trabalha na Penha e vem pela pista desde Itaquera até onde a obra lhe permite. Percorre o último trecho do trajeto pela rua.

O bancário Ananias Amorim é um dos que usam a pista por lazer. Diz que se diverte na ciclovia, mas que o problema é acessá-la. "Fico um tempão para atravessar a Radial, que é movimentada e perigosa."

Baixa prioridade

As bicicletas respondem hoje por 0,6% dos deslocamentos, mas os ciclistas somaram 6% das mortes no trânsito em 2008 -foram 85 casos.

A prefeitura calcula que a cidade tem 13,5 km de ciclovias fora de parques, mas inclui na conta algumas já desativadas como a da avenida Sumaré (1,4 km) -onde se pratica basicamente cooper- e da Faria Lima (1,3 km) onde há obras da linha 4 do metrô. Kassab prometeu reverter o quadro construindo 100 km de ciclovias até 2012.

 

Reforma em trecho atrapalhou entrega, diz Metrô

DA REPORTAGEM LOCAL

O Metrô, um dos responsáveis pelo projeto, informou, por meio de sua assessoria, que foi feita uma adaptação no trecho entre as estações Vila Matilde e Penha que possibilitou à ciclovia manter o traçado paralelo à linha 3-vermelha. Isso deu mais segurança aos usuários e foi um dos motivos que atrasaram a obra.

De acordo com o órgão, as chuvas atrapalharam a entrega desse último trecho de 2,2 km da ciclovia da Radial Leste -a via tem 12,2 km.

"As obras compreendem ainda drenagem, terraplanagem e execução de muros de contenção. Em decorrência das chuvas ocorridas em dezembro e janeiro, essas obras sofreram interrupções. As demais intervenções, como paisagismo […] seguem dentro do cronograma", informou o Metrô.
Segundo o Metrô, em dezembro, foi feita uma ampla limpeza, serviço de poda e pintura do piso da ciclovia em trechos onde havia desgaste.

O órgão disse ainda que há bicicletários em algumas estações e que é permitido o acesso de bicicletas nas estações aos finais de semana.

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