“Um terço dos moradores de SP vive em área precária ou irregular” – O Estado de S.Paulo

Plano de Habitação revela ainda que 20% da população paulistana está em áreas consideradas vulneráveis

Rodrigo Brancatelli

São Paulo, a maior cidade do Hemisfério Sul e a mais rica da América Latina, tem hoje 994.926 famílias vivendo em situação de risco, em áreas precárias ou em terrenos irregulares. São entre 3 milhões e 4 milhões de pessoas, muito mais do que a população de Salvador, Belo Horizonte, Curitiba ou Brasília. Isso significa que um terço dos paulistanos tem residência atualmente em favelas, loteamentos irregulares, cortiços, conjuntos irregulares e outros assentamentos que desafiam a política habitacional da capital.

Em favelas, são 389.112 famílias. Nos loteamentos precários, vivem mais 160.358, enquanto em cortiços moram 127.084. Há sete anos, quando foi feito o último estudo com abrangência similar, essa população era cerca de 25% menor.

Os índices podem parecer frios, indiferentes, mas, na realidade, acabam movimentando uma teia de inseguranças, medos, apreensões, receios e muitos problemas. Ocupações se adensaram, barracos ganharam andares, áreas verdes foram ocupadas, mananciais foram invadidos, e mais pessoas foram empurradas para as submoradias.

Ao mesmo tempo, locais antes vulneráveis estão sendo urbanizados, terrenos foram regularizados e outras ações voltadas para a habitação popular mostraram que há soluções possíveis para um problema que se arrasta na capital paulista desde a década de 1940.

Os dados fazem parte de um estudo inédito feito pela Prefeitura, em parceria com a organização internacional Aliança das Cidades, financiada pelo Banco Mundial.

Por meses, técnicos da Superintendência de Habitação Popular e do Departamento de Regularização do Parcelamento do Solo da Secretaria de Habitação fizeram um minucioso trabalho para reconhecimento dos assentamentos precários do Município. Os resultados a que o Estado teve acesso com exclusividade estão agora contemplados no Plano Municipal de Habitação (PMH) e servirão para nortear as políticas de urbanização de favelas e regularização fundiária em São Paulo nos próximos anos.

"Contamos agora com dados precisos, não são como aquelas pesquisas de anos atrás, quando falavam que era preciso construir 5 milhões de habitações sem ter embasamento", diz a arquiteta Elisabete França, superintendente de Habitação Popular da Prefeitura.

"É um retrato real da situação. O número total pode ser grande, mas muitas famílias estão em loteamentos irregulares, que podem ser resolvidos com a regularização fundiária. Esse estudo nos ajuda justamente a ter seriedade para tratar de todas as peculiaridades do problema", explica Elisabete.

Ainda de acordo com o PMH, um em cada cinco paulistanos mora em regiões vulneráveis. Grande parte – 159.594 famílias – está em áreas de mananciais. 


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