Albergues fechados e ações policiais na cracolândia levaram sem-teto para esses bairros
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Bairro nobre da região central de São Paulo, o Pacaembu virou um dos principais destinos de moradores de rua exilados pelas operações policiais da cracolândia e pelo fechamento de albergues no ano passado.
Segundo os moradores do bairro, o principal foco é a praça Wendel Wilkie. "Ela está completamente invadida. Da janela do meu apartamento vejo as pessoas cozinhando, urinando, defecando, até fazendo sexo", afirma a comunicóloga Ilva, que mora em um prédio localizado em frente à praça e hoje vive com as janelas fechadas por causa do mau cheiro.
Para impedir esse tipo de ocupação, os moradores querem fechar a praça com grades.
"Ela ficaria aberta de dia e, à noite, seria fechada e vigiada por guardas", diz Sonia Lopes, moradora do primeiro andar do mesmo edifício.
Em outra praça, a Ana Maria Popovic, a sujeira e a fumaça provocada pelas fogueiras dos moradores de rua são a principal queixa do engenheiro civil Rodrigo Mauro, 28.
Vizinho ao Pacaembu, o nobre Higienópolis também viu suas ruas arborizadas serem ocupadas pelos sem-teto.
Em Santa Cecília, a realidade se repete. Para Luiz Felipe Pereira Penha, 49, morador e proprietário de vários imóveis no bairro, os moradores de rua não são agressivos nem violentos. Mas "com eles vêm a bandidagem, traficantes e usuários de drogas", provocando uma sensação de insegurança.