DA REPORTAGEM LOCAL
"Temos muito essa visão americana de construir o novo. Já está na hora de adotar o modelo europeu de reformar o antigo", diz o urbanista Eduardo Nobre, do IAB-SP (Instituto dos Arquitetos do Brasil)
FOLHA – Algumas áreas não podem mais crescer porque o estoque de potencial construtivo esgotou. Isso é positivo?
EDUARDO NOBRE – Enquanto não melhorar a infraestrutura dessas regiões, é melhor dar uma congelada, porque já está um caos: congestionamento, drenagem urbana, impermeabilização do solo. São questões muito complicadas. O plano diretor deveria ser uma reflexão de todos esses problemas, não uma coisa rápida só para liberar para as empreiteiras poderem fazer mais obras.
FOLHA – Outras áreas, já saturadas, continuam liberadas.
NOBRE – Precisaria rever um pouco essa questão, precisa ampliar a infraestrutura. Várias questões têm de ser consideradas para evitar um caos maior do que já está na cidade.
FOLHA – É possível continuar adensando a cidade?
NOBRE – Se você ampliar a infraestrutura, pode ser que sim. Isso deveria ser um motocontínuo: tem mais adensamento, melhora a infraestrutura, pode adensar mais um pouco. A ideia da outorga é justamente essa: melhorar a infraestrutura em virtude do adensamento.
FOLHA – Esse modelo de crescimento é correto?
NOBRE – Não, já está saturado. Há regiões que têm infraestrutura e possibilidade de crescimento que não estão onde o mercado imobiliário foca mais.
No Brasil, temos muito essa visão americana de construir o novo. Já está na hora de adotar o modelo europeu de reformar o antigo, numa reabilitação do que já temos. O centro tem muita coisa vazia. Se estivéssemos ocupando isso, haveria uma necessidade menor de construir o novo.