Acidentes viários superam homicídios e são a maior causa de morte não natural de paulistas Mortes com motos subiram de 0,2 para 3,4 por 100 mil habitantes entre 1996 e 2008
A violência do trânsito em São Paulo, que nesta semana ganhou destaque no noticiário devido a dois episódios que ilustram as piores consequências da irresponsabilidade na hora de dirigir, provocou, nos últimos 20 anos, 149.911 mortes no Estado, segundo dados da Fundação Seade divulgados ontem.
O número, referente aos casos registrados entre 1988 e 2008, corresponde à população da cidade de São Caetano do Sul, no ABC, e é 2,5 vezes maior que os 58 mil soldados americanos mortos de 1964 a 1973 na Guerra do Vietnã.
Prova do impacto dos acidentes viários no Estado é o fato de essa ter se tornado, desde 2007, a principal causa de morte não natural em território paulista, superando os homicídios, líderes nas estatísticas por duas décadas.
Em média, 20 pessoas morriam por dia vítimas de acidentes há dois anos, taxa superior à registrada no início dos anos 2000, de 16 mortes.
Na avaliação do médico José Montal, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), o índice de 18 mortes por 100 mil habitantes de São Paulo é alto se comparado ao de países como o Japão, onde há 1,5 morte.
"A sensação de que não há empenho político para coibir as irregularidades no trânsito estimula a sua perpetuação." O perfil dos mortos no tráfego varia conforme o tipo de acidente. Jovens de 18 a 29 anos representam 55% dos mortos nos desastres com motos. Já os idosos acima de 65 anos são as principais vítimas de atropelamentos.
Álcool e direção: 165 detenções em 2 meses
Apenas em janeiro e fevereiro deste ano, a Polícia Militar autuou três pessoas por dia, em média, por dirigirem embriagadas na capital. Foram 165 detenções no total.
A pena, nesses casos, varia de seis meses a três anos. A média de motoristas autuados é maior do que a do ano passado inteiro, quando 800 pessoas foram detidas por dirigir após beber, uma média de dois casos por dia.
De acordo com a Polícia Militar, a quantidade de pessoas que dirigem após beber vem caindo desde a implementação da Lei Seca. A grande quantidade de flagrantes é atribuída ao número elevado de testes do bafômetro que são realizados, principalmente nas madrugadas dos fins de semana.
Neste ano, 47,6 mil pessoas foram submetidas ao teste e 2,7% respondem a processo.
60 mil são multados por andar na contramão
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) aplicou 60.302 multas em motoristas que trafegaram na contramão na capital no ano passado. No total, foram 6,2 milhões de infrações de trânsito.
Na segunda-feira, um motorista andou por mais de 20 km na contramão na Raposo Tavares e matou um casal.
Das multas na capital, 45.852 foram aplicadas a motoristas que transitaram na contramão em vias com sentido único. Outras 14.450 autuações foram praticadas por motoristas que trafegavam em vias com sentido duplo, do lado errado.
Até o fim do mês passado, a CET já havia multado mais de 7 mil veículos por esse tipo de infração em 2010. Foram 6.427 em vias de mão única e 1.533 em vias de mão dupla.
A Secretaria de Transportes não tem estatísticas atualizadas sobre a infração nas rodovias paulistas.
