“Diferença de renda faz criminalidade crescer” – O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA

Não é a pobreza absoluta, mas as grandes diferenças de renda que forçam para cima os índices de homicídio no Brasil, conclui o Mapa da Violência. O trabalho fez uma comparação entre índices de violência de vários países com indicadores de desenvolvimento humano e de concentração de renda. "Claro que as dificuldades econômicas contam. Mas o principal são os contrastes, a pobreza convivendo com a riqueza", afirma Júlio Jacobo.

Para fazer o estudo, o pesquisador usou como ponto de partida as taxas de mortalidade de 70 países. Comparou os dados com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado a partir de indicadores de educação, riqueza e expectativa de vida. A meta era verificar se estava correta a ideia de que, quanto maior o IDH, menor os índices de violência. Os resultados do trabalho mostram que há uma correlação entre os dois fatores, mas muito mais moderada do que se imaginava. O IDH responde por 11,2% da variação dos índices totais dos homicídios, diz o trabalho.

Quando foi feita a análise sobre a diferença entre quanto ganham os 10% mais pobres e quanto ganham os 10% mais ricos, no entanto, os resultados foram significativos, sobretudo no grupo de jovens. "A concentração de renda está intimamente ligada aos homicídios juvenis. O poder de determinação, nesse grupo, foi de 50,7%", conta o pesquisador. Entre os não-jovens, o impacto também existe, mas em menor proporção: 45,2%.

Necessidade. Para Jacobo, os resultados estampam a necessidade de o País investir mais no acesso à educação. "É preciso garantir que mais jovens frequentem as escolas." / L.F.

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