Lideranças comunitárias do M’Boi Mirim rejeitam projeto de monotrilho

 

Secretário municipal de Transportes avalia que a população, após conhecer melhor a proposta, entenderá que a solução é a mais correta para a região

O secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, esteve nesta quinta-feira (8/4) na Subprefeitura do M’Boi Mirim, onde ouviu de lideranças comunitárias e moradores muitas críticas ao projeto da Prefeitura de São Paulo, de construir um sistema de monotrilho ligando o Jardim Ângela ao centro de Santo Amaro. O sentimento predominante entre os participantes da reunião e revelado na maioria das falas é o de que o projeto, que custará mais de R$ 800 milhões aos cofres públicos, não irá resolver os problemas de transporte coletivo e de trânsito da região.

“Antes, a promessa da Prefeitura era de construir o Metrô até o Jardim Ângela. Por que mudou o projeto [para monotrilho] sem consultar o povo?”, questionou Manoel Ramos Carvalho, da Associação Amigos do Jardim São Francisco, um dos diversos participantes que defenderam o metrô em lugar do sistema que a secretaria pretende implantar na região.

Outros participantes também reclamaram da falta de diálogo da Prefeitura com a sociedade antes de decidir-se pelo sistema de monotrilho. “Ficamos sabendo do projeto pelos jornais”, criticou Nilda Neves, integrante da Frente das Entidades Comunitárias do M’Boi Mirim. Ela relatou que recentemente participou de outro debate na Câmara Municipal, no qual o sistema de monotrilho foi comparado ao metrô. “Para muitos técnicos o monotrilho não é a uma boa solução para a nossa região”, resumiu.

Nilda relembrou as manifestações realizadas pelos moradores da região, que paralisaram duas vezes o trânsito local para protestar contra a qualidade do transporte público e o trânsito no corredor da Estrada do M’Boi Mirim. “As manifestações são para chamar a atenção das autoridades. São para dizer que a população não aguenta mais”, argumentou. A militante social rejeitou a proposta de monotrilho, insinuando que o projeto seria implantado no local como uma experiência. “Nós não somos cobaias e queremos o Metrô”, afirmou.

Outro morador que reivindicou o cumprimento do que consideram uma promessa anterior do poder público foi José Jailson da Silva. “Só um transporte de massa e de qualidade, como o metrô, é que conseguirá atender a população do Jardim Ângela e região”, disse ele.

O vereador Milton Leite (DEM), que participou do encontro, mencionou algumas das dúvidas dos cidadãos. “Será que o monotrilho atende a demanda dos moradores nos horários de pico? E, se houver um acidente ou o monotrilho quebrar, como as pessoas serão tiradas lá de cima [as composições do sistema trafegarão em vias elevadas]?”

Secretário diz que monotrilho será um sistema complementar à rede de transporte existente

Antes de ouvir as críticas dos participantes, Alexandre de Moraes informou as três medidas estruturais que a secretaria pretende implantar na região: a finalização da obra da Av. Caldeira Filho, a canalização e, posterior, construção de uma via sobre o Córrego da Ponte Baixa e o sistema de monotrilho.

Para explicar melhor o que será o sistema, o secretário apresentou um vídeo aos participantes. Segundo Moraes, o monotrilho terá capacidade de atender 30 mil pessoas por hora, o que em sua avaliação atenderia a demanda local. “As pessoas precisam entender que é um sistema complementar à rede existente. O corredor de ônibus vai continuar existindo”, ponderou.

O secretário mencionou que o custo do projeto seria de R$ 75 milhões por quilômetro. Já o Metrô sairia por aproximadamente R$ 250 milhões a mesma metragem. Ele adiantou que a primeira fase da obra do monotrilho, ligando o Jardim Ângela a Santo Amaro, terá 11 quilômetros e deverá estar concluída em 2014.

Ao final do encontro, Moraes se prontificou a fazer duas novas reuniões com os moradores: uma para apresentar o projeto detalhado do monotrilho e outra para discutir os problemas apontados sobre as linhas de ônibus que servem os bairros próximos.

“Nós vamos mostrar que a solução [do monotrilho] é a mais correta para a população”, acredita Moraes. De acordo com o secretário, a Prefeitura está trazendo para a região do M’Boi Mirim o que há de mais moderno no mundo em matéria de transporte. “Tudo que é novidade assusta e a população precisa ser informada. Assim que isso ocorrer, ela vai entender que esta é a melhor solução”, acrescenta.      


REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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