A queima de combustíveis fósseis (gasolina e diesel) é responsável por 68% da poluição do ar na cidade de São Paulo. Com a intenção de diminuir esses níveis nos próximos dez anos, a prefeitura da Capital assinou ontem, com a Aliança Renault-Nissan, memorando de intenções para o incentivo do uso de carros elétricos, aqui, produzidos pela duas montadoras.
De acordo com o prefeito Gilberto Kassab, que assinou o documento com o CEO da Aliança, o brasileiro Carlos Ghosn, São Paulo hoje abriga 6,2 milhões de veículos – entre eles 16 mil ônibus e 32 mil táxis, além da entrada em circulação, diária, de mil novos modelos.
O primeiro passo é a aquisição de veículos elétricos para suprir a frota da Companhia de Engenharia de Trânsito – CET. E, na sua fala, o prefeito fez uma "encomenda" ao dirigente do grupo, dizendo que quer os primeiros modelos chegando a São Paulo antes do final deste ano.
"Dentro do que a lei determina", acrescentou Kassab, "vamos iniciar ainda neste ano a troca dos modelos movidos à gasolina pelos elétricos e dar início ao controle das emissões na nossa capital".
Acordo – Ao comentar a "encomenda" do prefeito, Ghosn disse que antes é preciso estabelecer o acordo, para que a montadora possa determinar o quanto de sua produção vai programar para São Paulo.
Ele lembra que Estados Unidos, Japão e França criaram incentivos para ajudar a implantação de uso do carro elétrico, e que isso deverá ocorrer também aqui em São Paulo.
Segundo o executivo, existem incentivos diretos em dinheiro, como nos EUA, ou a insenção do pagamento de pedágios e estacionamentos em outros países.
"Precisamos destes incentivos neste início", complementou Ghosn, "porque hoje circulam no mundo perto de 60 milhões de veículos, e só teremos força para mudar este panorama com ajuda das cidades, estados e países".
O executivo ressaltou que esta não será uma prática permanente, mas necessária até que se atinja uma produção anual entre 500 mil e 1 milhão de unidades. "Quando chegarmos a esses índices, não mais precisaremos de ajuda" acrescentou Ghosn.
Fábrica no Brasil? – Por enquanto os modelos elétricos – que são quatro: Fluece, Twizy e Kangoo (Renault) e Leaf (Nissan) – serão fabricados apenas no Japão, EUA e França. Para o Brasil viabilizar uma linha de produção, teria a necessidade de um mercado capaz de absorver 50 mil modelos por ano, mais o mesmo número de baterias, segundo o executivo da Aliança Renault-Nissan.
Quanto ao modelo a ser trazido para o País, muito embora o encontro do prefeito Kassab com Ghosn tenha tido como pano de fundo o Nissan Leaf, ainda não há definição, e poderá ser até um dos elétricos com a marca Renault.