Urbanista defende implantação de pedágio no centro expandido da cidade de São Paulo

 

Cândido Malta avalia que cobrança de dois dólares reduziria em 30% a circulação de veículos na região. Valor arrecadado iria para o transporte público.

Para o arquiteto e urbanista Cândido Malta Campos Filho o trânsito de São Paulo não comporta a quantidade de automóveis que todo ano são licenciados e ingressam no sistema viário da cidade. Uma das alternativas que poderiam minimizar o problema, segundo ele, é a implantação do pedágio urbano na região do centro expandido.

“No ano passado foram licenciados 600 mil veículos, que colocados em quatro faixas, um atrás do outro, representam 125 avenidas Paulista. Ou seja, precisaríamos construir o equivalente a 125 avenidas Paulista todos os anos, não para o trânsito melhorar, mas para que ele não piore”, destaca o urbanista. Malta avalia que a cobrança de dois dólares – cerca de R$ 3,50 atualmente – por automóvel iria reduzir em 30% a circulação de veículos no centro expandido da cidade. “É a mesma redução no trânsito que verificamos nos domingos. Seria como se todo dia fosse domingo”, exemplifica. O valor arrecadado, na proposta defendida por ele, seria utilizado para melhorar o transporte público,

Quanto à resistência da população em aceitar a medida, ele prevê que após a sua implantação ocorrerá o mesmo que acorreu com a chamada Lei da Cidade Limpa. “Na época, se tivessem me perguntado se a lei seria aprovada e iria funcionar, eu, assim como a maioria das pessoas, iria dizer que não. Mas ela foi aprovada e está ai e hoje todo mundo é a favor da Cidade Limpa.”

O urbanista, que assessora o relator do projeto de revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo, vereador José Police Neto (PSDB), considera que o principal problema da metrópole é a quantidade de veículos. “Temos que impor a limitação do número de veículos que podemos ter [na cidade], levando em consideração a capacidade de suporte do sistema viário”, propõe.

Ele não aceita os argumentos dos que consideram as duas propostas (pedágio urbano e limitação do número de carros na cidade) elitistas. “Com essa propaganda maciça todo mundo, 100% da população vai querer ter carro. Defender isso [que todos tenham carro e não haja pedágio urbano] é defender a insustentabilidade da cidade.”

As ideias do professor Candido Malta sobre o trânsito paulistano foram apresentadas durante o seminário “As Cidades e a Igualdade”, realizado nesta segunda-feira (26/4), na Câmara Municipal de São Paulo.

Importância do Plano de Metas para o planejamento da cidade

No evento, organizado pelo PPS e coordenado pela ex-vereadora Soninha Francine, o diretor-presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A (Emplasa), Manuelito Pereira Magalhães Júnior, fez uma explanação sobre os instrumentos de planejamento da cidade: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), orçamento do município e o Plano de Metas.

Entre os quatro instrumentos, Magalhães Junior destacou a importância do Plano de Metas, que foi implantado durante sua gestão à frente da Secretaria Municipal de Planejamento (Sempla). “O Plano de Metas, que foi batizado pela Prefeitura de Agenda 2012, instituiu uma gestão de resultados e tornou-se um elemento fundamental para a transformação da cidade. A população agora pode acompanhar o que está sendo executado pela administração pública.”

O ex-secretário municipal de Planejamento, que deixou o cargo recentemente, ressaltou o papel do Movimento Nossa São Paulo, tanto na apresentação do projeto que resultou na lei do Plano de Metas, quanto na elaboração de indicadores para a capital paulista. “O Movimento fez um levantamento muito interessante sobre os equipamentos públicos existentes nas subprefeituras, mostrando a desigualdade existente na metrópole, e propôs que o Poder Público tirasse os zeros da cidade. Tem regiões, por exemplo, que não possuem nenhum centro cultural”, relatou.

O seminário, que integra um conjunto de quatro eventos e servirão de base para o PPS montar um programa de governo, contou também com as participações do vereador Claudio Fonseca e do presidente nacional do partido Roberto Freire.

REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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