Ana Bizzotto – O Estado de S.Paulo
Moradores e comerciantes do Brás, Vila Leopoldina e Lapa, bairros que serão afetados diretamente por uma das Operações Urbanas, dividem-se sobre o impacto das mudanças em seu cotidiano. Há 69 anos no Brás, o barbeiro Carlos Collalto, de 81, acredita que os prédios vão valorizar a região, onde predominam galpões e sobrados comerciais. "Tem muita coisa abandonada. O espaço dos armazéns vazios pode ser usado para novos edifícios. Vai atrair quem já trabalha aqui a se mudar." Mas as obras, para ele, devem vir acompanhadas da revitalização de calçadas e sobrados. "As ruas estão todas detonadas."
Já para o microempresário Silvio Romero, de 43 anos, a verticalização é positiva por atrair o comércio. "Quase não tem padaria, farmácia, açougue", diz Romero, que vive num sobrado ao lado da linha do trem. "Mas tem de aumentar a segurança. Aqui há muito tráfico e assalto."
Apaixonada pela Lapa, a empresária Edna Costa, de 50 anos, não vê "vantagem nenhuma". O gostoso daqui é o clima de interior. Com mais moradores, o trânsito vai piorar e o custo de vida será mais alto. É o que está ocorrendo na Barra Funda."
Antigo reduto industrial, a Vila Leopoldina já sente os efeitos dos prédios de alto padrão. "O bairro estava decadente. A aparência melhorou e deve melhorar mais", diz o comerciante Marcílio Magalhães. "Mas ainda não resolveram o problema das enchentes. Já vi gente ilhada em prédio."