Análise: Ana Maria Luz – O Estado de S.Paulo
O programa municipal de coleta seletiva de São Paulo ainda deixa muito a desejar. É positivo que tenha passado de um sistema caro, insustentável, no início dos anos 1990, para um programa realista, baseado na inserção dos tradicionais coletores de materiais recicláveis – os catadores – de forma cooperativada.
Ocorre que, na prática, a coisa não funciona tão bem. Após sete anos, o programa da maior cidade do País ainda é inexpressivo, reciclando menos de 1% do lixo. O número de cooperativas conveniadas está muito aquém do necessário, deixando grande parte da cidade sem atendimento. E o município ainda gasta milhões com isso. Onde está o erro?
A coleta seletiva com a inserção de catadores é possível. E justa. Pode ser duradoura e sustentável. Mas só ser for encarada pelo governo como um serviço público indispensável, dentro de uma política de gestão integrada de resíduos. Como ampliar a coleta e estender o serviço? As soluções são simples. Descentralizem a gestão, colocando em prática o que está proposto nos planos: pelo menos uma Central de Triagem por subprefeitura.
Invistam na supervisão e na capacitação dos catadores, pois há grandes carências educacionais entre esses trabalhadores, o que impede que as cooperativas atinjam sua máxima capacidade. Informem a população sobre o programa, para ela possa participar. Os recursos destinados à Educação Ambiental são pífios – ou não atingem os objetivos.
Defendemos que as cooperativas devam ser remuneradas pela coleta. Essa medida ajudaria a consolidar os empreendimentos, garantindo a manutenção do serviço.
Recentemente, uma ação que obriga a Prefeitura a encarar seriamente o programa de coleta seletiva foi aprovada em primeira instância. Há esperanças. O modelo é bom, mas precisa ser melhorado. Urgente.
É PRESIDENTE DO INSTITUTO GEA, ESPECIALIZADO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS