“Lixo reciclável vai para aterro comum” – O Estado de S.Paulo


Cooperativas de catadores cadastradas pela Prefeitura estão saturadas e já não conseguem receber o material separado pela população

Ana Bizzotto e Bruno Paes Manso – O Estado de S.Paulo

Parte do lixo reciclável da capital paulista está indo para aterros sanitários comuns. O motivo é que as 16 cooperativas de catadores cadastradas pela Prefeitura para fazer a triagem de lixo estão saturadas e não conseguem receber o material separado pela população. Como resultado, nas últimas semanas, parte do lixo reciclável fica na rua e acaba sendo coletado pelos caminhões de lixo normais, indo parar nos aterros comuns.

O problema atinge cerca de 10% do volume do lixo reciclável coletado nas regiões sul e leste de São Paulo pelo consórcio Ecourbis. Isso significa que, mensalmente, 180 toneladas podem deixar de passar pelo processo de coleta seletiva, o que, em peso, corresponde a 362 milhões de garrafas PET. Parte desse lixo acaba sendo recolhido por caminhões comuns, como aconteceu nesta semana em ruas da Vila Mariana.

A Loga Ambiental, que atende as regiões norte e oeste da capital, também enfrenta problemas por causa da falta de espaço das cooperativas, mas ainda consegue retirar o lixo reciclável das calçadas. Depois que o lixo é recolhido, aguarda até que as centrais tenham espaço para receber o material.

Em março, uma decisão da 3.ª Vara da Fazenda Pública determinou que fossem instaladas centrais de triagem nas 31 subprefeituras até o fim deste ano. Atualmente, só existem 16 centrais na cidade, que funcionam a partir do trabalho de cooperativas de catadores cadastradas. O governo vai recorrer da decisão e diz que a meta definida pela Justiça será alcançada até 2012.

As empresas de lixo afirmam que a solução para a Prefeitura é ampliar os acordos com cooperativas ainda não cadastradas e usar o espaço delas para fazer a triagem do lixo. Atualmente, segundo o Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável, há 94 grupos de catadores organizados na cidade, mas só 16 estão cadastrados.

A Prefeitura afirmou, por meio de nota, que o lixo reciclável coletado não vai para aterros comuns, mas para centrais de triagem. Também informou que a Limpurb busca áreas para construir galpões que ampliem os serviços das cooperativas.

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