Participantes do encontro, realizado no Sesc Itaquera, também debateram o orçamento da cidade de São Paulo e as prioridades da região
Lançamento do caderno “São Paulo em Indicadores e Metas”, debate sobre o orçamento da cidade e apresentação do curso de capacitação para lideranças locais fizeram parte do encontro promovido pelos movimentos Nossa São Paulo e Nossa Zona Leste no Sesc Itaquera. No evento, ocorrido nesta quinta-feira (13/5), os participantes também discutiram algumas prioridades da região.
Inicialmente, Clara Meyer, da secretaria executiva do Movimento Nossa São Paulo, explicou o conteúdo da publicação que traz quatro conjuntos de indicadores e metas: IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), o Observatório Cidadão, a Referência de Metas para São Paulo e o Programa de Metas (Agenda 2012). Ela destacou que os dados comparativos podem auxiliar as organizações da sociedade civil e cidadãos a reivindicar e cobrar os seus direitos.
Na sequência, Odilon Guedes, coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Orçamento, procurou estimular os participantes a terem uma visão crítica sobre o tema. “Essa discussão do orçamento da cidade é vital, porque quem paga proporcionalmente mais impostos são os pobres”, provocou o economista, que apresentou dados para confirmar suas palavras: “Tem um estudo da USP [Universidade de São Paulo] que revela que quem ganha até dois salários mínimos gasta 49% de sua renda para pagar impostos. Já para a pessoa que ganha acima de 30 salários mínimos este percentual é de 26%”.
Guedes detalhou que os impostos pagos estão embutidos em quase todos os produtos consumidos pela população, como o açúcar, a gasolina, o aparelho de televisão, o chinelo, entre outros. “Grande parte do que você paga ao adquirir um destes itens é de imposto indireto”. Para o coordenador do GT Orçamento, a “a carga tributária do Brasil é uma das mais injustas do mundo.”
Luiz França, do Movimento Nossa Zona Leste, relatou a história da organização que está completando dois anos e chamou a atenção para uma das preocupações da sociedade civil da região, a Agenda 2012 da Prefeitura. “Foi um avanço o Plano de Metas, mas o que a administração municipal apresentou não era o que a população esperava.” O Movimento, segundo França, continuará empenhado para incluir as metas do povo entre as prioridades do poder público.
O militante social também listou algumas bandeiras do Movimento, entre as quais a instalação de uma universidade pública na Zona Leste e a revitalização do Mercado de São Miguel.
Na última parte do evento, foi apresentada a proposta de curso de capacitação que o Movimento Nossa São Paulo está oferecendo às lideranças locais. De acordo com Samantha Neves, do GT Educação, o curso elaborado por um grupo de formação não será teórico. “O objetivo é reunir lideranças das regiões para debater formas práticas de intervenção e atuação para propor e cobrar as demandas que as organizações locais já fazem.”
Samantha explicou que o orçamento da cidade será um dos temas do curso de capacitação. “Quem tiver interesse em participar deve nos procurar para começarmos a organizar o processo”, informou.
Diversos integrantes dos movimentos existentes na Zona Leste, incluindo o padre Antonio Luiz Marchioni, que é conhecido na região como padre Ticão, participaram do debate. “As entidades, às vezes, são muito fragmentadas e o Movimento Nossa São Paulo, com este tipo de iniciativa, tem dado uma contribuição no sentido de articular estas organizações”, avaliou padre Ticão.
O encontro no Sesc Itaquera foi o terceiro realizado pelo Movimento Nossa São Paulo com os mesmos objetivos. O primeiro ocorreu no dia 14 de abril, em Ermelino Matarazzo, o segundo em 7 de maio, no Jardim Ângela.
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REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br