Caio Neumann
Líderes comunitários da Zona Leste de São Paulo têm se reunido para discutir os problemas da região e planejar as soluções. No último dia 14, ocorreu a quinta reunião de discussão e planejamento da “Carta das Políticas Públicas da Zona Leste”, no Salão da Igreja São Francisco, em Ermelino Matarazzo. A Carta será publicada em junho deste ano no formato de uma revista, com propostas de políticas públicas que melhorem a qualidade de vida na Zona Leste paulistana. Em 23 de agosto ocorrerá um debate entre os presidenciáveis no qual o documento será apresentado e assinado a título de termo de compromisso.
Segundo o Padre Antônio Marchioni (ou Padre Ticão), articulador dos encontros, alguns dos problemas mais iminentes são relacionados à geração de emprego e renda, à saúde e mais ainda à educação. Além desses, foram levantados outros 19 eixos como segurança, moradia, meio ambiente, transportes e cultura. “Entre todos, vejo esses três temas figurarem entre os mais urgentes. Para a USP Leste ser implementada foram necessários 20 anos de luta – entre 1985 e 2005 – a universidade federal está encaminhada, foi pouco mais de um ano nos mobilizando e agora está prestes a virar uma realidade. Ainda sim, precisamos demais de creches, melhor educação infantil, escolas técnicas profissionalizantes e mão-de-obra qualificada nas escolas”, afirma.
A Carta entra nesse cenário como um documento que ajuda a planejar uma agenda de desenvolvimento. “Agora que estamos alinhando melhor o planejamento, publicaremos um documento definitivo contendo soluções para as nossas questões.” Padre Ticão completa dizendo que os problemas da Zona Leste são conhecidos e muito percebidos pela população, mas é muito difícil propor bons desfechos – o que o termo de compromisso faz.
Também participou da reunião o grupo de trabalho do projeto São Paulo 2022, que tem como objetivo construir uma visão de cidade socialmente justa e ambientalmente sustentável para o ano de 2022, levantando propostas que subsidiem o novo Plano Diretor Estratégico (que vigorará entre 2013 e 2022).
De acordo com Cicero Yagi, coordenador executivo do projeto, a participação e o estímulo para que haja reuniões entre lideranças locais, movimentos sociais e outras entidades para o planejamento de ações são necessários para que as propostas sejam mais consistentes. “A construção de um plano que visa a uma São Paulo mais justa e sustentável deve partir da participação popular. Existem questões pontuais, localizadas por região e outras transversais, que dependem de um olhar da cidade como um todo”, diz.
Yagi complementa que as intervenções necessárias na cidade dependem de mudanças no modelo de governança, que é alcançada com uma forma diferente de olhar a cidade. “A partir da perspectiva de diversos atores das comunidades locais é possível alcançar propostas mais concretas de propostas para o melhoramento da cidade”.