Maioria dos corredores passou por recapeamento, mas velocidade média na hora do rush continua aquém da meta de ao menos 18 km/h
São dez os corredores na cidade, que transportam 3,1 milhões de passageiros por dia; situação mais crítica está em vias da zona norte
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
As reformas feitas pela gestão Gilberto Kassab (DEM) nos corredores de ônibus não melhoraram a vida dos passageiros em São Paulo.
Nos horários de pico, a velocidade média continua igual em quatro dos sete corredores que foram recapeados nos últimos dois anos.
Em dois deles, os ônibus estão mais lentos que em 2009. E só em um estão mais rápidos.
Há na cidade dez corredores, que transportam 3,1 milhões de passageiros por dia. Com a lentidão recorrente, em agosto de 2008 a prefeitura anunciou reformas para aumentar em 10% a velocidade média.
Mas isso ainda não ocorreu. Em média, os ônibus andam a 17,2 km. Trata-se de índice inferior ao que a própria SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na cidade) considera apropriado -18 km/h.
A pior situação está na zona norte, nos corredores Inajar-Rio Branco-Centro e no Pirituba-Lapa-Centro. Ali, o ônibus não passa de 12 km/h no pico.
Daí a preferência dos motoristas pelo carro, que anda em média a 15 km/h na cidade nos horários de maior movimento.
"O ônibus é mais prejudicado pelo congestionamento. Tem percurso fixo, não pode escapar do trânsito. O carro pode buscar um caminho alternativo", afirma o engenheiro de transportes Jaime Waisman, professor da Poli-USP. "O ônibus não tem sido atrativo em razão da baixa velocidade, do excesso de lotação, da viagem mais longa -o que explica por que tanta gente prefere automóvel."
O ideal, para ele, é que os ônibus andem a pelo menos 20 km/h nos corredores. O único a andar acima desse patamar é o Expresso Tiradentes (ex-Fura Fila), que tem faixa exclusiva -ele circula a 36 km/h.
Recapear as vias ajuda, disse Waisman, para que os ônibus não tenham de frear a cada vez que encontram um buraco.
Mas não é suficiente, alerta: faltam, por exemplo, faixas de ultrapassagem. Sem elas, os ônibus formam fila nas paradas de embarque e desembarque.
A SPTrans não respondeu à Folha sobre a lentidão nos corredores -disse que teria de analisar a situação caso a caso e que não haveria tempo hábil para fazê-lo ontem.
A empresa disse que prevê reformas ainda neste ano nos corredores Campo Limpo-Rebouças-Centro e Inajar-Rio Branco-Centro.
As obras da linha 5-lilás do metrô foram responsáveis pela queda de velocidade no corredor Itapecerica-João Dias-Santo Amaro. O fim das obras deve aliviar o problema, diz a empresa.
Em outro ponto, no corredor Santo Amaro-Nove de Julho-Centro, a empresa disse que é preciso alargar vias e eliminar um entroncamento no local. A SPTrans não falou em prazos para a obra.
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