Prefeitura altera meta de construir um novo hospital na Zona Leste

 

Unidade prevista para a região será na Vila Matilde, substituirá o atual Alexandre Zaio e terá mais 100 leitos. As de Parelheiros e da Brasilândia estão mantidas sem alterações

O novo hospital da Zona Leste prometido pelo atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), durante a campanha eleitoral de 2008 e incluído no Plano de Metas da Prefeitura (Agenda 2012) será construído no Distrito da Vila Matilde em substituição à unidade Alexandre Zaio. O equipamento existente hoje terá sua capacidade ampliada de 50 para 150 leitos. A decisão foi comunicada pela superintendente da Autarquia Hospitalar Municipal, Flávia Maria Porto Tersian, durante reunião da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores.

Flavia confirmou que os dois outros hospitais previstos no Plano de Metas serão construídos sem alterações. "O de Parelheiros, na Zona Sul, terá 100 leitos e o da Vila Brasilândia, na Zona Norte, 250 leitos”, detalhou.

Em apoio à superintendente da Autarquia Hospitalar, o vereador Gilberto Natalini (PSDB) justificou a opção da Prefeitura de construir outro hospital, com mais leitos, para substituir o Alexandre  Zaio em lugar de implantar um novo em outro distrito. "A região não tem terrenos públicos do tamanho necessário para construir um novo hospital. Não foi possível por falta de espaço", explicou.

A alternativa apresentada pela administração municipal não contempla todas as demandas da população da região. “Nossa proposta era reformar e ampliar o Alexandre Zaio e construir um novo em Cangaíba [distrito da subprefeitura da Penha mais afastado do centro], onde a carência de leitos é maior”, afirmou Luis França, integrante do Movimento Nossa Zona Leste, ao ser informado da decisão.

Embora reconheça que a ampliação de leitos prevista no projeto é positiva, ele cobra da Prefeitura a construção de um novo equipamento em Cangaíba. “Não deixa de ser interessante o aumento da quantidade de leitos, mas é questionável o poder público destruir um hospital que já está pronto e, ao mesmo tempo, não atender a outra demanda da população.”

França lembra que a unidade hospitalar foi prometida pelo prefeito. “No debate que realizamos aqui, há dois anos, com os candidatos à Prefeitura, Kassab foi enfático ao prometer a construção do novo hospital em Cangaíba e não na Vila Matilde. Nós temos isso gravado”, registrou. Quanto ao argumento de que não existem terrenos públicos na região para construir a nova unidade, o integrante do Movimento Nossa Zona Leste rebate: “O poder público pode desapropriar uma área. É falta de vontade política”.  

Intenção do Executivo é implantar um novo hospital na Zona Sul e mais 1.200 leitos na cidade até 2012

Na reunião com os vereadores, a superintendente da Autarquia Hospitalar Municipal também revelou que a intenção da prefeitura é colocar um funcionamento mais 1.200 leitos hospitalares na cidade até 2012. Segundo Flávia, no número estão incluídos os 450 leitos previstos para os três hospitais que constam no Plano de Metas (metas 1, 2 e 3 da Agenda 2012), mais 500 que serão conseguidos com a ampliação de vários equipamentos da rede municipal. Outros 250 para completar o total viriam de uma nova unidade, a ser construída entre Parelheiros e Capela do Socorro, na Zona Sul de São Paulo.

“Não existe prazo de entrega previsto, pois estamos vendo área ainda. Mas há uma decisão da Prefeitura de fazer este novo hospital”, anunciou a representante do Executivo. Ela explicou porque o hospital entre Parelheiros e Capela do Socorro e os 750 novos leitos não são incluídos na Agenda 2012. “Não são uma promessa, nem um compromisso, mas, sim, uma intenção da administração municipal.”

De acordo com dados disponíveis no Observatório Cidadão, do Movimento Nossa São Paulo, a cidade possui uma distribuição muito desigual dos leitos hospitalares. Enquanto a região central da cidade (subprefeitura da Sé) tem 24,29 leitos por mil habitantes e na Vila Mariana o índice 17,19, as subprefeituras de Parelheiros, na Zona Sul, e Perus, na Zona Norte, não têm nenhum leito hospitalar. A média do município é de 3,16 por mil moradores.

Falta de médicos e de Unidades Básica de Saúde são motivos de críticas

Durante o debate, a vereadora Sandra Tadeu (DEM) criticou a atual política para a área. “Ninguém vem aqui [na Câmara] falar em UBS [Unidade Básica de Saúde]. Se tivéssemos mais UBSs não precisaríamos de tantos hospitais, mas parece que a moda é construir hospitais. Depois fica aquele elefante branco, porque a Prefeitura não consegue contratar médicos e profissionais”, disse a vereadora, que já expressou sua opinião sobre o motivo da falta de médicos na rede municipal: “O salário é extremamente baixo para os profissionais da saúde”.

Ao abordar o tema, a superintendente da Autarquia Hospitalar Municipal afirmou que a dificuldade para a contratação de médicos não tem apenas uma causa – o salário baixo – mas várias. “A distância dos hospitais municipais da periferia, a violência, as condições de trabalho. Os médicos não querem mais trabalhar em sistema de plantão”, apontou Flávia.

O vereador Gilberto Natalini, mais uma vez saiu em apoio à representante do Executivo, para explicar a carência de médicos. “Faltam profissionais no mercado. Não tem como contratar, a não ser que a gente pague 10 vezes mais que o mercado”, registrou o parlamentar, que citou o exemplo dos pediatras. “Estes profissionais estão em falta, só não vê quem não quer.”   

REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br

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