Pedro Marcondes de Moura
Aricanduva é o bairro em que mais paulistanos convivem com dor, segundo 2ª fase da pesquisa Epidor, que neste ano mapeou a incidência do problema por região da capital (veja arte). A primeira etapa, em junho de 2009, apontou que 27% (3 milhões de pessoas) da população sofre de dor crônica, ou seja, com duração de mais de três meses.
O estudo foi realizado pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Hospital das Clínicas e patrocinada pela Janssen-Cilag Farmacêutica. Com exclusividade, o JT teve acesso a parte do material, que será divulgado na íntegra nesta quinta-feira, 10.
Foram consultados 2.401 habitantes maiores de 18 anos e o principal objetivo foi avaliar a prevalência de dor crônica neles, as causas, a gravidade, a duração e local da dor, além de relacionar os resultados de acordo com a idade e o sexo.
Localizado na zona leste, o Aricanduva é líder no ranking, com 67,4% dos habitantes afetados por dores, seguido por Socorro, na zona sul, com índice de queixas de 65,9%. Já a terceira posição é do Cachoeirinha, na zona norte, onde 52,1% dos habitantes apresentam dores crônicas.
A conclusão dos pesquisadores é que, em comum, estes bairros têm baixo nível de escolaridade e alta concentração de pessoas por domicílio. A coordenadora da pesquisa, a professora Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre, afirma: “Não existe uma relação direta entre a incidência de dor e a renda familiar”.
O estudo aponta ainda que dores crônicas têm relação com a atividade dos moradores, como autônomos e donas de casa. “Provavelmente, eles estão realizando tarefas pesadas sem o acompanhamento devido”, explica Maria do Rosário. A especialista ainda alerta. “A dor é um sinal que precisa ser respeitado.”