“Aterro é construído em área protegida” – Jornal da Tarde

 

Marici Capitelli

Sem muito alarde, a construção da Central de Tratamento de Resíduos Leste (CTL) em São Mateus, na zona leste da capital, começou nesta semana.

O futuro aterro sanitário ficará dentro de uma área de mata atlântica em uma Zona Especial de Preservação Ambiental (zepam) de 4 milhões de m². Lá habitam veados, gambás, macacos e aves.

A obra é de responsabilidade da Ecourbis Ambiental S A, uma das empresas responsáveis pela coleta de lixo e destinação dos resíduos na capital. Moradores e ambientalistas têm opiniões divergentes sobre a construção.

O terreno para a construção do aterro foi desapropriado pela Prefeitura em 1995 e cedido à Ecourbis. A área tem 1,13 milhões de m², dos quais 430 mil servirão para armazenar o lixo.

A Ecourbis diz que o aterro é imprescindível para que a cidade (sem aterro próprio desde novembro) não sofra um apagão do lixo. A empresa diz que fará um amplo programa de compensação ambiental.

Em março, o juiz federal Victorio Giuzio Neto deu parecer favorável para as obras. Havia questionamento na Justiça sobre a validade de uma das audiências públicas.

Integrantes da Campanha Mais Vida Menos Lixo vão entrar na Justiça para tentar barrar a obra. O futuro aterro fica a 500 metros do Morro do Cruzeiro, que tem 998 metros de altitude e é o segundo ponto mais alto da cidade, perdendo apenas para o pico do Jaraguá (1.135 metros). O local é considerado um patrimônio da capital.

“Não faz sentido o desmatamento de uma área tão importante para a construção de um aterro. Nós acreditamos que é possível tratar a questão do lixo usando alternativas sustentáveis, como a biodigestão”, afirma José Vicente Pimenta, coordenador da campanha e que está arrecadando assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular que visa a transformação da área em um parque natural.

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