MARIA ELENA MEREGE VIEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Antes de nos referenciarmos à calçada, é importante conhecermos a relação desta com a rua que a acompanha, pois os espaços públicos não funcionam de modo isolado, porém fazem parte de um sistema complexo, contínuo e hierarquizado que se transforma gradativamente ao longo da história.
Quando observamos um lugar especifico, no caso calçadas, podemos descrever os elementos que formam esse lugar, frutos da construção de um elo afetivo entre o sujeito e o ambiente em que vive, configurando de forma clara as relações econômicas, sociais e de identidade dos usuários.
Os problemas aventados nas calçadas da cidade de São Paulo são muitos e diversificados; dependem de inúmeros fatores, sendo o mais grave e polêmico a sua dimensão: a cidade possui 30 mil km lineares de calçadas.
Na maioria das vezes a pavimentação das calçadas costuma ser deixada a cargo dos proprietários dos imóveis fronteiriços, não existindo um projeto de continuidades, criando em uma mesma rua uma colcha de retalhos, além da falta de manejo da vegetação existente, muitas vezes árvores de grande porte em locais inadequados.
Recentemente, por meio do decreto nº 45.904, de 19 de maio de 2005, a Prefeitura de São Paulo criou o Programa Passeio Livre, que visa conscientizar e sensibilizar a população sobre a importância de construir, recuperar e manter as calçadas da cidade em um bom estado de conservação.
São projetos que estabelecem um novo padrão arquitetônico para as calçadas da cidade de São Paulo, estabelecendo o uso de pisos semipermeáveis e material de revestimento apropriado para deficientes físicos, cadeirantes e cegos.
A criação de projetos específicos para lugares específicos é fundamental, contribuindo para a ambientação do cidadão usuário no espaço público, valorizando o sentido de lugar e os aspectos específicos da comunidade atendida.
A qualidade do espaço público é um requisito básico para que aconteça o pleno exercício da cidadania.
MARIA ELENA MEREGE VIEIRA é professora do Mackenzie