Quatro dos sete parlamentares do Democratas destituem Carlos Apolinário da liderança e escolhem para seu lugar Marco Aurélio Cunha
A bancada de vereadores do Democratas, partido do prefeito, Gilberto Kassab, encontra-se dividida na Câmara Municipal de São Paulo. O motivo da crise é o apoio declarado por Carlos Apolinário ao candidato do PT, Aloizio Mercadante, ao governo do Estado. Descontentes com o posicionamento de Apolinário, que era líder do DEM, quatro dos sete parlamentares da agremiação realizaram uma reunião nesta quarta-feira (16/7), na qual resolveram destituí-lo do cargo e colocar em seu lugar Marco Aurélio Cunha.
“Se o líder pensa em minoria, não pode ser o líder”, argumentou Marco Aurélio Cunha, explicando que o Democratas integra a chapa de Geraldo Alckmin, candidato do PSDB ao governo estadual. Além de Cunha, participaram da reunião que destituiu Apolinário os vereadores Domingos Dissei, Ushitaro Kamia e Marta Costa. “Decidimos que seria melhor mudar [a liderança], mas não há nada pessoal nisto”, afirmou o novo líder.
Quanto à possibilidade do ex-líder ser expulso do Democratas, ele explicou que a decisão será da direção partidária. “Este já não é um problema meu ou dos vereadores [do DEM]. O assunto será discutido no partido.”
Segundo Cunha, além dos quatro parlamentares que participaram da reunião, o vereador Milton Leite, outro integrante do Democratas, foi consultado antes da decisão. “A posição dele [de Milton Leite] era de cautela, mas como já tínhamos a maioria decidimos mudar [a liderança].”
A vereadora Sandra Tadeu, que também integra a bancada do DEM, reclamou que não foi ouvida ou consultada sobre a decisão tomada por seus quatro colegas.
Questionado se a decisão poderá causar um racha no partido, o novo líder se diz tranquilo. “Se tiver racha, não vemos dificuldade. A gente pode se juntar de novo mais prá frente”, relativiza Cunha, que está em seu primeiro mandato. Sobre esta nova experiência de liderar um partido na Câmara, o vereador pondera: “Vou aprender, sofrer algumas dificuldades no começo, mas nada que não se possa superar”.
Ex-líder vê destituição do cargo com naturalidade
“Vejo a decisão dos quatro vereadores com naturalidade”, declarou o vereador Carlos Apolinário, que até ontem era o líder da bancada do Democratas na Câmara, ao falar sobre o assunto. “De acordo com o Regimento da Casa, o líder não tem mandato de 12 meses, ele pode ser substituído a qualquer momento pela maioria dos parlamentares do partido”, informou.
Os quatro vereadores do DEM fizeram uma carta para informar à Mesa da Câmara a substituição de Apolinário, na liderança da bancada. “Está tudo certo, é regimental”, reconheceu o ex-líder. Apolinário diz que está mais aliviado. “A responsabilidade agora é deles.”
O vereador avisa, entretanto, que não pretende sair do partido. “Se quiserem me expulsar, vão ter que explicar os motivos.” No Democratas já existe precedente de parlamentares que apoiaram candidatos de partidos diferentes das alianças celebradas pela direção.
Recentemente, o vereador Milton Leite também declarou que iria apoiar Aloizio Mercadante para governador de São Paulo.
REPORTAGEM: AIRTON GOES airton@isps.org.br
