Lideranças comunitárias da Zona Sul iniciaram uma série de reuniões para discutir problemas da região e pensar em propostas de soluções para 2022. A primeira ocorreu no último dia 18.
Padre James Crowe – conhecido como Padre Jaime – irlandês radicado em São Paulo desde 1970, afirma que os cidadãos não podem apenas se conformar com a criação de uma nova lei, mas também com a sua efetivação. Ele ilustra isso destacando o caso das subprefeituras. “A lei que trata das subprefeituras é muito boa, mas eu penso que a gente tem que pegá-la e fazer valer. Elas servem para fazer a administração regional. Hoje, não passam de zeladoria da cidade”.
Segundo o padre, a subprefeitura do M’boi Mirim teve seis subprefeitos diferentes em nove meses no ano passado. O padre acredita, assim como outras lideranças que estavam presentes, que o subprefeito deve ser da região e não “algum candidato que perde a eleição em uma cidade do interior e acaba exercendo o cargo aqui na capital”, diz.
A equipe do projeto São Paulo 2022 participou do encontro com o propósito de estimular as reflexões e de ouvir quais eixos temáticos se mostram mais urgentes e geram maior mobilização entre os moradores. O objetivo do projeto é o de construir uma visão de cidade socialmente justa e ambientalmente sustentável para o ano de 2022, reunindo propostas que subsidiem o novo Plano Diretor Estratégico (que vigorará entre 2013 e 2022).
Para o consultor científico do projeto, Ladislau Dowbor, repensar a gestão da cidade e sua governança é um dos parâmetros a serem adotados pela população local. Além disso, ele diz que a comunidade deve estar atenta ao descumprimento das leis e cobrar algumas políticas. “Se a gente não se apropria do processo de gestão da cidade, o pessoal (da adminsitração) passa por cima. Essa dimensão da legalidade é importante”, pontua Dowbor.
Ele acredita que isso acontece de forma mais natural caso as pessoas da região escolham eixos estratégicos, alguns pontos problemáticos que – caso uma política pública resolva – podem desencadear uma série de melhorias no bairro ou na cidade como um todo. “Existe um milhão de coisas pra se melhorar, mas prosperar a cidade é como acunpultura, pequenas agulhas aplicadas nos pontos certos resolvem inúmeros problemas em vários outros”. Ele completa afirmando que isso depende do que mobiliza mais a população local de um lugar para o outro.
Entre os temas mais latentes, segundo os presentes na reunião, estão mobilidade, governança/descentralização dos serviços públicos, saúde, educação, juventude, meio ambiente, água, habitação e segurança.
De acordo com Padre Jaime, estão sendo planejadas reuniões para debater cada um dos temas isoladamente. “ Vamos recolher subsídios estatísticos para trazer propostas mais sólidas à gestão da cidade”, explica.
REPORTAGEM: CAIO NEUMANN