Um estudo realizado pela consultoria Ernst & Young em parceria com Fundação Getulio Vargas (FGV) calculou os benefícios e riscos que a copa do mundo de 2014 pode trazer para o Brasil e as 12 cidades-sede.
O estudo Brasil Sustentável – Impactos socioeconômicos da Copa do Mundo 2014 avalia que o mega evento poderá ter um efeito multiplicador capaz de quintuplicar os investimentos diretos realizados no país, injetando R$ 112,79 bilhões adicionais, além do investimento direto de R$ 22,46 bilhões para garantir infraestrutura e organização. Como resultado desse investimento, haverá impactos provocados em inúmeros setores interligados, com uma série de desdobramentos econômico-sociais.
No entanto, os consultores alertam para os riscos de um planejamento mal feito ou mal executado para o grande evento esportivo e indicam os setores prioritários de investimento nas cidades-sede.
De acordo com o mapeamento, as doze cidades-sede têm necessidades que precisam ser atendidas com relação a energia, transporte, infraestrutura de eventos, sistema hoteleiro, segurança, planejamento urbano e serviços auxiliares.
Para as necessidades serem atendidas, é preciso políticas públicas. Se forem ineficientes, seja por não cumprir prazos, seja por gastos excessivos, as conseqüências podem ser serviços de má qualidade aos visitantes e à população – o que pode restringir o número de visitantes -, perdas econômicas e humanas (causadas por acidentes, desordem, etc.) e a apresentação de uma imagem negativa do Brasil na cobertura internacional.
Para garantir o bom andamento do planejamento e minimizar riscos de gestão, o estudo indica que o ponto de partida deve ser o estabelecimento de um plano diretor da Copa para cada cidade-sede. “Tirando os riscos imponderáveis, como uma crise econômica global afetando o fluxo de turistas, por exemplo, os demais podem ser equacionados por um processo adequado de planejamento, governança e gestão, o que se materializa num plano diretor integrado”, avalia José Carlos Pinto. O plano deve detalhar todos os projetos para organização do evento, ações, prioridades, prazos, investimentos, custos e responsáveis, identificando e mapeando todas as oportunidades.
Os consultores revelam também uma preocupação com o legado do evento, com o objetivo de continuar gerando bem-estar para a população. A avaliação é que para um legado positivo o patrimônio formado deverá ser bem conservado, reutilizado e atualizado ao longo do tempo.
Outro aspecto abordado é a importância de assegurar uma gestão com responsabilidade socioambiental da Copa de 2014, pare reduzir os impactos ambientais, os custos para a sociedade e as gerações futuras.
O estudo apresenta uma sugestão de indicadores quantitativos para os gestores do evento, de acordo com o padrão socioambiental adotado pela Fifa, desde a Copa de 2006, realizada na Alemanha. Os indicadores se dividem em sete temas: conservação de energia e mudanças climáticas; conservação da água; gestão integrada de resíduos; transporte, mobilidade e acesso; paisagem e biodiversidade; edifícios verdes e estilos de vida sustentáveis; construção sustentável.
Os consultores concluem que para a sociedade, a Copa do Mundo é bem-sucedida quando “organizada sem desperdício de recursos públicos, com gestão transparente e capaz de deixar um legado que justifique o alto investimento, como a infraestrutura que permita a realização de outros megaeventos e a renovação dos aparelhos urbanos”.