Paula Crepaldi – paula@isps.org.br
Uma pesquisa do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas da FMUSP (IOT) mostra que a maior parte dos pacientes que sofreram acidente de moto não é formada por motoboys. Dos 84 acidentados internados, entre maio e novembro de 2009, 67% disseram que usam o veículo como meio de transporte.
Outro destaque da pesquisa é que a maioria dos acidentes ocorreu em colisões com carro, e mais de 70% dos pacientes disseram conhecer as leis de trânsito e não terem sido imprudentes. Além disso, 45% afirmaram nunca terem sofrido acidente de trânsito. Para o ortopedista Marcelo Rosa, não ter experiência anterior pode fazer com que os motociclistas se sintam onipotentes e mais propensos a comportamento de risco ao conduzir o veículo.
O perfil dos acidentados revela também que o percentual de mulheres internadas – de 10% – embora pequeno, dobrou em relação a estudos anteriores. Sessenta e seis por cento dos acidentes aconteceram no horário comercial e 71% dos envolvidos são jovens em idade produtiva.
Dos 255 que deram entrada no hospital, 84 precisaram de internação, que durou em média 18 dias. Nesse grupo, 14% precisou ser internado novamente. A internação dos pacientes representou um custo de cerca de R$ 3 milhões aos cofres públicos, de acordo com o coordenador do estudo, ortopedista Marcelo Rosa.
“Além de gerar um alto custo para o Estado, muitos destes pacientes terão consequências para o resto da vida”, destaca Rosa. Pare ele, os acidentes de moto devem ser vistos como uma epidemia. “É necessária uma ampla mobilização, envolvendo a sociedade civil, autoridades e, inclusive, as fabricantes de motocicletas”, completa.
São Paulo tem mais de 800 mil motos emplacadas na cidade – em março eram 834.064 – de acordo com dados do Observatório Cidadão Nossa São Paulo, com base em informações do Detran.
O levantamento do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas (IOT) ainda não foi concluído. Assim que for finalizado, os resultados conclusivos serão divulgados.
