Salário de até R$ 8 mil para professor e dedicação exclusiva são destaque na Escola de Aplicação da USP
Carlos Lordelo
A Escola de Aplicação da USP, cujas séries finais do ensino fundamental tiveram o melhor desempenho no Ideb, aposta na formação de seus docentes. Quase metade já concluiu ou está cursando mestrado, e três são doutores. Essa é a consequência direta da ligação entre a Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo e a maior instituição de ensino superior do País.
Em 2009, a escola tirou nota 6,2 ? a média brasileira foi 4,0. Em dois anos, seu Ideb cresceu 0,5 ponto e quase alcançou a meta para 2013.
Segundo a diretora da escola, Daniela Lopes Scarpa, a parceria com a Faculdade de Educação da USP contribui para os bons resultados. "A teoria que é produzida lá acaba aparecendo aqui, na prática", diz. A unidade também é objeto de pesquisa para alunos e docentes da USP.
Ela destaca como ponto positivo a estrutura de trabalho dos cerca de 50 professores. Empregados como servidores públicos, eles precisam dedicar 40 horas semanais à escola. O salário inicial dos docentes é de R$ 3,3 mil, podendo chegar a R$ 8 mil ? outro diferencial que atrai profissionais capacitados e motivados.
Diversidade. Criada em 1959, antes mesmo da Faculdade de Educação, a escola tem hoje 738 alunos do 1.º ano do ensino fundamental ao 3.º ano do ensino médio. Anualmente, são sorteadas 60 vagas no 1.º ano do fundamental entre filhos de professores e funcionários da USP e da população em geral.
"O fato de não fazermos uma seleção representa um desafio, porque as turmas que entram não são homogêneas", diz Daniela. "Mas essa diversidade é a principal característica da escola. Nosso foco está na formação ampla dos alunos."
Aluna do 9.º ano do ensino fundamental, Beatriz Lima de Sousa, de 14 anos, diz "amar" a escola. "Os professores sempre fazem atividades diferentes, não ficam só na parte teórica. Também aproveito a disponibilidade deles no contra-turno para vir aqui tirar dúvidas", conta.
A mãe da garota, a professora de Biblioteconomia Vânia Mara Alves Lima, gosta tanto da escola que também tentou uma vaga para o filho mais novo, de 10 anos. Mas ele não foi sorteado e estuda num colégio particular. "A escola tem obrigação de se destacar, afinal está dentro de uma universidade e os professores têm salários razoáveis", diz.
Para o professor de matemática Josenilton Andrade de Franca, o desempenho no Ideb demonstra que o trabalho está sendo feito "a contento" em um lugar que precisa dar conta de alunos de diferentes origens. "Em algumas turmas, o filho do servente estuda com o filho do doutor da USP."