Organização lançou hoje manual com orientações para financiamento de campanhas
Amanda Polato, do R7
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social lançou nesta sexta-feira (23) um manual recomendando, entre outras questões, que as empresas façam doações apenas para candidatos com ficha limpa, definidos com base na lei aprovada neste ano. Fruto de mobilização de mais de 1,3 milhão de brasileiros, a Lei Ficha Limpa barra a candidatura de quem foi condenado por um colegiado (mais de um juiz) por crimes graves, como corrupção, abuso de poder econômico, homicídio e tráfico de drogas.
Paulo Itacarambi, vice-presidente da organização, quem tem mais de 1.400 empresas associadas, explica que edições anteriores do manual A Responsabilidade Social das Empresas no Processo Eleitoral já recomendavam que as companhias não fizessem doações a candidatos ou partidos com histórico de envolvimento em corrupção.
– Mas com a aprovação da lei, passamos a ter um instrumento real de identificação dos fichas sujas.
Bilhões de reais
O texto é relançado em todas as eleições, desde 2002. Neste ano, foram feitos cerca de 3.000 exemplares do manual, mas ele também estará disponível em breve no site do Instituto. A principal questão abordada é o financiamento privado das campanhas políticas, que, no Brasil, são bilionárias.
De acordo com levantamento feito pela organização, em parceria com a Transparência Internacional, uma eleição custa aproximadamente R$ 4,6 bilhões. O número leva em conta o que foi declarado nas eleições federais de 2006 e nas municipais de 2008.
O presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew, lembra que quem financia as campanhas eleitorais são as empresas e, por isso, elas têm grande responsabilidade.
– Quem paga as campanhas tem um poder enorme sobre os políticos. Esse é o nó do quadro político brasileiro.
A publicação tem um resumo da legislação eleitoral do país e traz princípios para financiar uma campanha com transparência e responsabilidade. Entre as recomendações estão a cobrança de compromissos públicos do candidato apoiado e a definição, na empresa, de uma postura pública em relação ao financiamento.