Apesar da promessa feita há 3 meses ao ‘Estado’ de investir em limpeza, poda e outras obras de zeladoria, investimento diminuiu no 2º trimestre
Rodrigo Burgarelli
Sem manutenção. Os problemas estão por toda a parte: fios entre galhos de árvore sem poda no Butantã, calçadas quebradas na Av. Sumaré e lixo na Duque de Caxias
Em abril, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) havia prometido aumentar investimentos em zeladoria e tornar São Paulo mais bonita. No entanto, a quantidade de recursos empenhados para atividades como poda de árvores, conservação de córregos e melhorias de calçadas diminuiu 42% nos últimos três meses em comparação com o primeiro trimestre. A maior queda foi em limpeza de bocas-de-lobo (60,9%) e varrição de rua (53,9%).
A promessa de investir mais na manutenção da cidade foi feita em entrevista publicada no Estado em 18 de abril. Na ocasião, o prefeito afirmou que estava retomando ações que ficaram paradas por restrições no Orçamento de 2009, ano de crise. No entanto, nos três meses que se seguiram à entrevista, o investimento em zeladoria foi de R$ 215,1 milhões, ante R$ 367,6 milhões no primeiro trimestre.
Além dos itens já mencionados, também tiveram menos atenção da Prefeitura serviços como conservação de galerias e canais (43,9% menos verba), conservação de áreas verdes (43,1%) – que inclui manutenção de parques e praças e poda de árvores -, manutenção de vias públicas (42,8%) e limpeza de córregos (41,1%), entre outros.
Para a diretora da Associação Viva Pacaembu, Asunción Blanco, agora não é a hora ideal para diminuir os investimentos nesses serviços. "O cuidado com a cidade tem de existir o ano inteiro. Agora, que é época de estiagem, deviam intensificar serviços que são difíceis de serem executados no verão, como a poda de árvores e a limpeza de bueiros, que poderiam evitar enchentes no futuro", diz.
Reflexo. Segundo o secretário municipal de Planejamento, Rubens Chammas, a promessa não deixou de ser cumprida. "As ações de zeladoria estão em curso num patamar forte, mas o reflexo no Orçamento vai ser dado até dezembro", diz. Ele sugere analisar os números do semestre como um todo, e não cada trimestre separadamente – ou mesmo em relação ao mesmo período de 2009, já que o método de execução orçamentária da Prefeitura mudou neste ano. No cálculo sugerido por Chammas, já foram empenhados R$ 582,7 milhões – cerca de 75% do total reservado para zeladoria em 2009, por causa do alto investimento no primeiro trimestre.
Já Gil Castello Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas, acha que a análise trimestral é válida para analisar a evolução dos gastos públicos ao longo do ano. "O Orçamento não tem execução linear, mas é bom acompanhar a autorização de verbas para ter noção do que está sendo priorizado agora", afirma.
Promessa. Apesar de ter diminuído o ritmo de investimentos em zeladoria no segundo trimestre, o secretário renovou a promessa de Kassab. "Os números do próximo trimestre serão quase 40% maior do que os do segundo", diz. O dinheiro viria do aumento na arrecadação – já entraram no caixa da Prefeitura neste ano R$ 2 bilhões a mais do que no mesmo período de 2009, por causa da recuperação econômica e do aumento no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).