“Vizinhança comemora e empresas reclamam” – O Estado de S.Paulo

 
Para moradores, medida reduzirá barulho e poluição; setor diz que Rodoanel é inseguro

Marcela Spinosa, Renato Machado

Melhora da qualidade do ar e menos barulho durante o dia estão entre os principais benefícios da restrição aos caminhões citados por moradores vizinhos à Avenida dos Bandeirantes. Por outro lado, as empresas de carga se queixam que o Rodoanel, alternativa sugerida, não tem condições de segurança suficientes.

"Não dá para respirar com esses caminhões por perto. Andar de bicicleta ou caminhar na avenida é loucura", afirmou ontem o técnico em mecânica de aeronaves Murilo Magosso, de 24 anos, que mora há dois na Rua Augusto Rolim Loureiro, via paralela à Bandeirantes. Antes de viver ali, o jovem morava em Embu, na Grande São Paulo. Ele diz que a principal desvantagem da mudança foi a poluição na rua. "Eu chego sujo em casa."

A pedagoga Márcia Leite, de 43 anos, diz que agora poderá passear com seu cachorro pela manhã – e não mais à noite. "Não dava para caminhar por causa do barulho, fumaça, trânsito… Me sentia insegura", conta. Seguro se sentirá o frentista Manoel dos Santos, de 35 anos, que trabalha em um posto de gasolina na via e que espera deixar de usar protetores auriculares. "O barulho é insuportável", diz.

Mesmo morando em Perdizes, na zona oeste, a engenheira de produção Cintia Zerbati, de 33 anos, acredita que sentirá os efeitos da medida. Ela trabalha na zona sul e todos os dias pega a Marginal do Pinheiros. Na sua visão, os motoristas economizarão tempo no trânsito, mas terão problemas para dormir. "Hoje, várias faixas da pista expressa da Marginal ficam tomadas por caminhões. Isso com certeza vai melhorar. Mas, por outro lado, a medida aumenta o transporte pesado à noite, o que incomoda muito o sono", afirma.

O empresário Ricardo Finoto Correia Lima, de 33 anos, usa a Marginal do Pinheiros e a Bandeirantes ao menos duas vezes por semana. Para ele, a medida pode criar mais empregos, pois as empresas terão de usar veículos menores. "Mas, por outro lado, não deve aliviar muito o trânsito. Para isso, é preciso melhorar o transporte público."

Empresas. Já o setor de cargas reclama da proibição e diz que o Trecho Sul do Rodoanel é inseguro. Segundo as empresas, o anel viário não tem um sistema de câmeras de monitoramento, há trechos onde celulares e sistema de rastreamento não funcionam e a atuação da Polícia Rodoviária não é ostensiva. "Há trechos realmente perigosos, não cobertos pelas seguradoras, que consideram que houve desvio de rota por falta do rastreamento", disse ontem Manoel Sousa Lima Júnior, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região.

A Secretaria de Estado dos Transportes diz que não houve nenhum caso de roubo no Trecho Sul. O governo afirma que discute com as operadoras de telefonia melhora na recepção de celular. Estão previstas 51 câmeras na via – dez já funcionam. / COLABOROU DAMARIS GIULIANAM

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