Catadores fazem protesto em defesa de coleta seletiva e contra incineradores

 

Marcado para esta quarta (11/8), caminhada servirá também para cobrar um plano municipal integrado para resíduos. Concentração terá início às 9 horas, na Câmara Municipal

Airton Goes airton@isps.org.br

As lideranças dos catadores de materiais recicláveis e as entidades sociais que apoiam a causa destes trabalhadores irão realizar, nesta quarta (11/8), uma caminhada pelo centro de São Paulo. A manifestação, que já tem concentração marcada para as 9 horas da manhã em frente à Câmara Municipal, visa defender a coleta seletiva de resíduos e denunciar a política de implantação de incineradores que estaria em curso em algumas cidades paulistas.

“A caminhada tem dois objetivos: primeiro, divulgar a importância da coleta seletiva, com a inclusão dos catadores, para a cidade e, segundo, denunciar a questão dos incineradores que estão chegando ao Estado [de São Paulo]”, explicou Eduardo Ferreira de Paula, integrante da articulação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).

Segundo o dirigente do MNCR, os incineradores não são prejudiciais apenas para os catadores, mas sim para toda a cidade. “Estes equipamentos, que alguns países da Europa não querem mais usar, prejudicam a saúde das pessoas”, afirmou de Paula, logo após o encerramento da reunião que tratou da organização do evento.

Na reunião, realizada no dia 28 de julho, na Câmara Municipal, as lideranças e os representantes das entidades debateram alguns dos principais problemas que afetam a coleta seletiva na capital paulista. “Não existe um plano integrado para os resíduos, que torne São Paulo um exemplo para o restante do país”, avaliou Nina Orlow, integrante da Agenda 21 Local e do Grupo de Trabalho (GT) Meio Ambiente do Movimento Nossa São Paulo.

Para ela, “a cidade que mais gera resíduos deveria ser a que mais recicla”, mas não é isto que acontece. Segundo dados dos catadores, existem atualmente 18 centrais de triagem de materiais no município e apenas um 1% dos resíduos gerados pela metrópole é reciclado. “Há um contrato vigente que prevê a construção de 31 centrais, uma em cada subprefeitura”, lembrou Nina, que lamenta: “Este processo, entretanto, está paralisado”.

A Prefeitura argumenta que não existem terrenos disponíveis para instalar as centrais de reciclagem previstas no contrato. “É difícil mesmo achar terreno e quando acha o local, muitas vezes, ele já está comprometido com a futura instalação de uma escola ou outro equipamento público”, reconhece a militante ambiental. Nina, porém, entende que existem soluções para resolver o problema.  “Dentro do processo de cumprimento do contrato [que prevê a instalação de 31 centrais de triagem], poderia haver locação ou desapropriação de áreas”, sugere.

Os organizadores da caminhada também debateram e aprovaram o material de divulgação do evento. No documento, são apresentados alguns argumentos em defesa da coleta seletiva e outros contrários à implantação dos incineradores.

Entre os argumentos a favor da ampliação da coleta seletiva estão: preserva a natureza, reduz a extração de matéria prima e a necessidade de aterros sanitários, gera trabalho e renda e conscientiza a população sobre a responsabilidade com o consumo e a geração de resíduo.

Por outro lado, o material afirma que os incineradores emitem fumaça tóxica e cancerígena na queima do lixo, poluem o meio ambiente, ampliam a exploração de matéria prima e acabam com a geração de trabalho e renda [possibilitada pela reciclagem].

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